Dilma faz discurso político, afirma ser vítima de trama para derrubá-la e se emociona

Da Redação
Hoje em Dia - Belo Horizonte
Publicado em 29/08/2016 às 11:21.Atualizado em 15/11/2021 às 20:35.
 (EVARISTO SA/AFP)
(EVARISTO SA/AFP)

Em discurso político, a presidente afastada Dilma Rousseff pediu aos senadores que votem contra o impeachment, na manhã desta segunda-feira (29). Dos 46 minutos em que falou, mais da metade, 28 minutos, foram utilizados para enfatizar que não desrespeitou a constituição, não cometeu crimes de responsabilidade e que é vítima de um golpe, uma armação articulada para retirá-la do poder, desde o segundo mês de posse do segundo mandato, em fevereiro de 2015. Dilma afirmou que a condenação no impeachment será uma pena de morte política, e pediu aos senadores que votem contra o impedimento.

Dilma ressaltou que foi eleita por 54 milhões de votos, e a tentativa de destituí-la do poder é uma iniciativa de grupos de interesse político e econômico insatisfeitos com o resultado das urnas.

Ao fim da leitura, quando mencionou dois períodos em que esteve próxima à morte, Dilma se emocionou. Ela lembrou da tortura sofrida por dias, durante a Ditadura Militar, e quando fez um tratamento contra um câncer, em 2009.

A presidente afastada criticou os políticos que mudaram de lado, e afirmou sempre se manter ao lado da democracia e do Estado Democrático de Direito. “Se alguns rasgam o seu passado e negociam as beneces no presente, que respondam pelos atos que praticam. Não luto por vaidade ou por apego ao poder. Luto pela democracia, pela verdade e pela justiça”, argumentou.

A petista afirmou ter a consciência tranquila em relação ao o que fez, por isso decidiu ir pessoalmente ao Senado ler a defesa. . “Venho para dizer que não cometi nenhum crime dos quais sou acusada”, afirmou, ao lembrar momentos em que outros presidentes brasileiros, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, foram vítimas de conspirações.

“As provas deixam claras que as acusações são meros pretextos, embasadas em uma frágil farsa jurídica. O autor da representação, junto ao TCU, que motivou as acusações, foi reconhecido como suspeito pelo presidente do STF”, argumentou.

Dilma aproveitou, ainda, para criticar o governo interino de Michel Temer (PMDB), que, segundo ela, tem retirado direitos sociais conquistados ao longo dos últimos 13 anos. Ela afirmou que ainda está em jogo a manutenção dos programas sociais, o pré-sal, a inserção soberana do Brasil na agenda internacional, o equilíbrio fiscal e o controle da inflação, o futuro do país. “O que está em jogo é o verdadeiro ataque às conquistas sociais. O resultado será mais pobreza, mais mortalidade infantil, e a decadência dos pequenos municípios”, concluiu.

A presidente afastada argumentou que o processo de impeachment foi apoiado por parte da classe econômica e política, ancorada por setores da imprensa. Dilma afirmou, ainda, que o então presidente da câmara, deputado Eduardo Cunha, trabalhou sistematicamente para que impedir que o governo Dilma pudesse governar e adotar medidas para impedir a crise econômica, favorecendo o clima de instabilidade.

“Serei julgada por crimes que não cometi, antes do julgamento do ex-presidente da Câmara, acusado de gravíssimos crimes. Ironia da história? Não! Trata-se de uma ação deliberada”, enfatizou.

Dilma gastou cerca de dez minutos para refutou as acusações de ter cometido crimes de responsabilidade com a edição de decretos de créditos supementares, e afirmou que o Tribunal de Contas da União mudou o entendimento dessas normas após a edição desses decretos.

Confira análise em vídeo da editora Amália Goulart:


 

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