Sócio majoritário da MMC Automotores, Eduardo de Souza Ramos afirmou que não participou da contratação da consultoria Marcondes e Mautoni, que pertence ao lobista Mauro Marcondes, para representar os interesses da empresa junto ao poder público.
Tanto Marcondes quanto Ramos foram denunciados por suspeita de participação num esquema de pagamento de propina a servidores para a aprovação de medidas provisórias (MPs) que concederam benefícios fiscais à indústria automotiva.
Ramos foi ouvido na Justiça Federal em Brasília, nesta segunda-feira (14), na ação penal originária da Operação Zelotes, que mira na suposta compra de MPs. De acordo com o dono da MMC, que representa a Mitsubishi no Brasil, a contratação da Marcondes e Mautoni foi feita pela ex-presidente da montadora Paulo Ferraz.
Ramos disse que não assinou nenhum documento e sequer tomou conhecimento dos valores a serem pagos a Marcondes. "Eu não intervim de jeito nenhum (na contratação da consultoria do lobista)", afirmou Ramos.
Mesmo processo
Ouvido na semana passada no mesmo processo, Paulo Ferraz confirmou ter procurado Marcondes para que ele atuasse em favor da MMC na tramitação de medidas provisórias que interessavam ao setor.
Ferraz sustentou que jamais deu autorização para o lobista praticar qualquer ato de corrupção. Disse, no entanto, que, embora tenha contratado a Marcondes e Mautoni, não acompanhou de perto quais métodos Marcondes usou durante a prestação do serviço.
"Mauro me informou que ia trabalhar aos ministérios. Aqui (em Brasília), eu nem sei nem sabia em qual porta bater (para pleitear a aprovação da medida)[...] Eu perguntava a ele como ia o processo, e ele só me dizia 'está indo bem, está indo bem", justificou Ferraz., na semana passada.