(Carlos Roberto)
Ao preterir o PT e escolher o PSDB como aliado preferencial nas eleições deste ano, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), perdeu a simpatia e o apoio incondicional da presidente Dilma Rousseff (PT). Por causa da maneira como se deu o rompimento da aliança, a presidente daria a Lacerda o mesmo tratamento dado aos oposicionistas: uma “relação republicana”.
No entanto, a proximidade das eleições de 2014 e o cobiçado apoio do PSB vão levar a presidente a tentar uma reaproximação. O primeiro ensaio foi na última sexta-feira, quando Dilma Rousseff retornou à capital mineira para reinaugurar o estádio Mineirão. A petista foi recepcionada por Lacerda e dividiu palanque com ele e com seu virtual adversário em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB).
Dilma e Lacerda mantinham uma boa relação até as eleições municipais deste ano. Em 2010, o prefeito de Belo Horizonte foi um dos coordenadores da campanha da petista para a Presidência e foi o maior representante do voto “Dilmasia” – em Dilma para o Palácio Planalto e em Antonio Anastasia para o governo de Minas. Em junho deste ano, quando a presidente esteve na capital para anunciar R$ 6 bilhões em obras viárias para o Estado, Dilma fez rasgados elogios ao prefeito.
“Temos com o prefeito Marcio Lacerda (parcerias) que eu reputo como um dos melhores prefeitos deste país e também pelo fato de que é sempre garantido que quando a gente faz uma parceria com o Marcio eu sei que é uma parceria que vai apresentar os resultados”, discursou a presidente.
A fala de Dilma ocorreu dois dias depois do deputado federal Miguel Corrêa ser escolhido vice de Lacerda. Um mês depois, os dois partidos estariam em campos opostos. Desde então, Dilma se manteve afastada. Ela gravou propaganda eleitoral para o candidato petista, Patrus Ananias e fez comício na reta final da campanha. Mas sem atacar o ex-aliado.
Um assessor próximo ao prefeito afirma que não há a menor indisposição entre Lacerda e a presidente. Tanto que o prefeito planeja convidar Dilma para a cerimônia de entrega de mais de duas mil moradias do programa Minha Casa, Minha Vida. A entrega dos apartamentos depende apenas de detalhes burocráticos e deve ocorrer no início do próximo ano.
“Não acreditamos que vai haver nenhuma retaliação da presidente com um cara que a apoiou na eleição presidencial de 2010. Durante a campanha, em nenhum momento ela falou mal do Marcio. Apenas exaltou as qualidades do Patrus. O Marcio é mais o perfil dela, técnico”, disse um assessor que preferiu não ser identificado.
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