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Em entrevista ao New York Times, Lula diz que pediu diálogo com Trump, mas ninguém quer conversar

As novas tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA contra o Brasil começam a valer a partir desta sexta-feira

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 30/07/2025 às 10:26.
 (PR/Divulgação)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal New York Times, publicada na madrugada desta quarta-feira (30), na qual revelou ter tentado, sem sucesso, estabelecer contato com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir as novas tarifas comerciais impostas ao Brasil. "O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato", afirmou Lula ao periódico norte-americano.

Segundo o presidente, ele designou seu vice-presidente e os ministros da Agricultura e Economia para dialogarem com seus equivalentes nos EUA, mas "até agora, não foi possível". Esta foi a primeira entrevista de Lula ao New York Times em 13 anos, e o artigo foi compartilhado pela Presidência da República.

As novas tarifas anunciadas por Trump, que preveem uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras, estão programadas para entrar em vigor a partir desta sexta-feira (1º), caso não haja mudanças.

Durante a entrevista, Lula reiterou sua posição de que o Brasil não conduzirá as negociações como um "país pequeno contra um país grande". Questionado sobre suas críticas públicas a Trump, que incluem a afirmação de que "não é correto ficar ameaçando" pela internet e a caracterização do chefe da Casa Branca como "imperador", o presidente brasileiro destacou que, embora a ameaça de sanção deixe o Brasil “preocupado”, não o deixa “com medo”. Ele enfatizou que o Brasil não pretende "abaixar a cabeça" para as determinações norte-americanas.

"Nós sabemos o poder econômico dos EUA, reconhecemos o poderio militar dos EUA, reconhecemos a grandeza tecnológica dos EUA. Mas isso não nos deixa com medo", declarou Lula. Ele defendeu que, em negociações políticas entre países, a vontade de nenhum deve prevalecer, e que é preciso encontrar um meio termo, sem bravatas nem submissão.

O jornal também abordou as ameaças de Trump relacionadas ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula reafirmou a independência do Judiciário brasileiro para julgar o caso e criticou a postura de Trump: "Eu acho que é importante que o Trump considere: se ele quer ter uma briga política, então vamos ter uma briga política. Se ele quer falar de comércio, então vamos sentar e conversar sobre comércio. Mas você não pode misturar os dois."

Lula ainda reclamou que Trump não tem respondido às tentativas de negociação, e que representantes brasileiros já realizaram ao menos 10 reuniões com membros da Secretaria de Comércio dos EUA (USTR). "Espero que a civilidade retorne à relação entre Estados Unidos e Brasil. O tom da carta dele [Trump] foi definitivamente de alguém que não quer conversar", concluiu o presidente.

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