
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, criticou, mais uma vez, a ditadura militar. Durante palestra promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), nesta segunda-feira (4), em Belo Horizonte, ele considerou que a “negação dos fatos não faz bem para ninguém” em fala sobre o "golpe de 1964".
Assim como na última quinta-feira (31), quando utilizou as redes sociais para falar sobre o assunto, Barroso defendeu a história e ponderou sobre o cancelamento das eleições durante o que ele considerou como um movimento militar.
“Destituiu o presidente da república por uma fórmula que não estava prevista na constituição. Isso é um golpe, houve um golpe”, disse o ministro, considerando que o movimento, no entanto, teve amplo apoio de múltiplos setores da sociedade: empresariais, liberais e até parte da imprensa.
“Houve uma sustentação política relevante. E havia um compromisso de se convocar eleições em 1965, esse era o compromisso. Aí cancelaram as eleições, começa o rumo para a ditadura. Cancelamento de eleições não é democracia”, completou.
Na última quinta, o presidente Jair Bolsonaro chegou a elogiar o golpe de 1964 durante cerimônia para oficialização da saída de ministros para a disputa das eleições de 2022. Na ocasião, disse que o Brasil seria uma “republiqueta” se não fossem as "realizações" durante a ditadura.
Não citando o presidente, Barroso afirmou que ainda que defendam o movimento por uma interpretação dos fatos, não há como dizer que não houve uma ditadura.
“Dizer isso é negação dos fatos e a gente não pode trabalhar com a negação dos fatos”, concluiu.
(*) Com Lucas Prates