Escândalo de corrupção no coração do governo federal

Do Hoje em Dia
27/11/2012 às 06:19.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:39

A presidente Dilma Rousseff tenta se distanciar ao máximo do esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal no coração de seu governo. Ela tomou providências para a exoneração de todos os indiciados. Entre eles, a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Novoa Noronha, a Rose, e dois diretores de agências reguladoras, além do segundo homem mais importante na Advocacia Geral da União. O caso mais constrangedor parece ser o de Rose, que foi secretária de José Dirceu por muitos anos, antes de ser nomeada para o cargo pelo presidente Lula. Quando agentes da Polícia Federal chegaram ao escritório, no decorrer da Operação Porto Seguro, ela ligou para José Dirceu, pedindo ajuda, mas ele avisou que não poderia ajudar.

À influência de Rose são atribuídas as nomeações dos irmãos Paulo Rodrigues Vieira e Rubens Carlos Vieira para as diretorias da Agência Nacional de Águas e Agência Nacional de Aviação Civil. Mas o primeiro, considerado o chefe da quadrilha presa na última sexta-feira sob a acusação de montar um esquema de corrupção em agências reguladoras e órgãos federais, pode ter tido outro forte padrinho político. É o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenado a sete anos e dez meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal, no processo do mensalão. A PF registrou mais de mil ligações telefônicas entre Paulo Vieira e Valdemar.

O diretor da ANA teria recebido ajuda do advogado-geral adjunto, José Weber Holanda Alves, exonerado ontem, para que o ex-senador e empresário Gilberto Miranda continuasse na posse da Ilha das Cabras, no litoral paulista, pertencente ao patrimônio da União. Envolvida no caso, foi exonerada ontem Evangelina de Almeida Pinho, assessora da Secretaria de Patrimônio da União. A presidente Dilma mandou também abrir sindicâncias contra todos os indiciados. Os dois diretores das agências reguladoras, cujos nomes foram aprovados pelo Senado, têm de responder a processo administrativo disciplinar para serem exonerados.

A oposição tentará transformar esse caso num grande problema político para o governo, enquanto o PT tudo fará para impedir a aprovação de requerimentos para que autoridades sejam convocadas a depor a respeito no Congresso Nacional. O esforço é no sentido de descolar do PT e do Palácio do Planalto denúncias que serão amplamente divulgadas pela imprensa, de modo a restringir os malfeitos a funcionários do terceiro escalão.
 

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