Eleições 2022

Estratégia de Kalil é nacionalizar o debate eleitoral, diz analista

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 26/03/2022 às 06:30.
Agora pré-candidato ao governo de Minas, o ex-prefeito de BH, Alexandre Kalil, aposta a estratégia de”provocar” o governador Romeu Zema, seu adversário na disputa (Lucas Prates)

Agora pré-candidato ao governo de Minas, o ex-prefeito de BH, Alexandre Kalil, aposta a estratégia de”provocar” o governador Romeu Zema, seu adversário na disputa (Lucas Prates)

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), renunciou nesta sexta-feira (25) ao cargo de prefeito de Belo Horizonte para disputar o cargo de governador e, logo de cara, já deixou claro sua estratégia: nacionalizar o debate eleitoral, a partir da confrontação com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e contrapor-se ao governador Romeu Zema (Novo), seu provável adversário na disputa.

Na análise do cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec, a tentativa de colar a eleição estadual na disputa presidencial é parte da estratégia de Kalil. “Ele tenta utilizar de uma radicalização que já existe em nível nacional para expandir sua posição no Estado”, diz.

Adriano Cerqueira salienta que as pesquisas eleitorais indicam que o candidato petista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é mais bem avaliado em Minas do que o atual presidente Jair Bolsonaro, o que conta a favor do plano do ex-prefeito. “Kalil estaria tranquilo se a eleição fosse apenas em Belo Horizonte, mas o eleitorado da região metropolitana é aproximadamente 30% dos votos do Estado. Kalil precisa ser conhecido no interior e vai utilizar uma estratégia clássica, radicalizar com quem já é conhecido”, disse.

Ao mesmo tempo, Kalil tenta forçar o governador Romeu Zema a vincular sua imagem à de Bolsonaro, porém, segundo Adriano Cerqueira, até o momento Zema tem conseguido evitar essa aproximação.

A nacionalização da campanha é interesse também do Partido dos Trabalhadores. O presidente do PT em Minas, deputado Cristiano Silveira, afirmou que o partido irá apoiar uma chapa majoritária formada por Kalil governador, o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV), na posição de vice, e o deputado federal Reginaldo Lopes(PT) como candidato ao Senado.

Porém, Adriano Cerqueira salienta que a aproximação entre Kalil e Lula, apesar de inevitável neste momento, envolve riscos que serão calculados pela equipe do prefeito de Belo Horizonte. “Bolsonaro atingiu o topo de rejeição durante a pandemia, porém Lula ainda irá sofrer muitos ataques. Se Kalil vincular muito sua candidatura ao petista, ele corre o risco de sofrer com uma possível queda nas intenções de voto do ex-presidente”, avalia.

Além disso, analisou o professor, “é importante lembrar que, em algumas regiões de Minas Gerais, como a região do Triângulo e Araxá, onde Zema é forte, existe uma vinculação econômica com a produção agropecuária e entre esse público existe uma boa aceitação de Bolsonaro e, consequentemente, pode afastá-los de Kalil”, destacou.

O professor concluiu dizendo que as eleições deste ano tendem a ser ainda mais radicalizadas e agressivas do que o pleito de 2018. Por isso, ele avalia que o caminho adotado pela campanha de Kalil será “provocar Zema e se aproximar de Lula, mas com cautela”, afirmou.

Em mais uma investida na estratégia de colar Zema em Bolsonaro, Kalil disse, em um vídeo postado nas suas redes sociais logo após o anúncio, que o governador de Minas não pode ser um “lambe botas” e afirmou que, se o governador fosse ele, “presidente não me mandaria tirar a máscara, presidente da República tem que trazer investimentos para o Estado”.

  

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