DIA DOS PAIS

Filhos vão às urnas conscientes da importância do voto após aprendizado dentro de casa

Clara Mariz
@clara_mariz
14/08/2022 às 07:00.
Atualizado em 14/08/2022 às 09:08
Carlos Eduardo Alvarenga Nunes, de 51 anos, diz que tentou envolver o filho, Lucas, nas eleições desde jovem (Maurício Vieira)

Carlos Eduardo Alvarenga Nunes, de 51 anos, diz que tentou envolver o filho, Lucas, nas eleições desde jovem (Maurício Vieira)

Domingo, 9h. João Paulo, de 47 anos, e a filha Luiza, de 15, estão à mesa de café e o assunto é a última pesquisa eleitoral divulgada. Conversar e debater sobre o tema faz parte da rotina da família que mora em Belo Horizonte. No Dia dos Pais deste ano, os dois terão bastante “pano pra manga”, já que esta será a primeira participação da adolescente em uma eleição – Luiza completa 16 anos daqui a nove dias.

Paulista e morador recente da capital mineira, o coordenador comercial sempre acompanhou a política nacional e se orgulha em dizer que trabalhou como mesário “diversas vezes”. E o interesse da filha pela política deixa o paizão todo orgulhoso.

Há dois anos, a jovem começou a procurar mais informações sobre o tema e mostrou interesse em votar. “No início da pandemia eu me senti insatisfeita com as decisões tomadas e percebi que as eleições são a minha chance de escolher um governante com ideias próximas às que eu tenho”, diz Luiza Aires de Camargo.

João Paulo, de 47 anos, e a filha Luiza, de 15, aproveitam momentos, como o café da manhã, para falar sobre política (Arquivo Pessoal)

João Paulo, de 47 anos, e a filha Luiza, de 15, aproveitam momentos, como o café da manhã, para falar sobre política (Arquivo Pessoal)

O pai é parte importante na formação política da menina, pois está sempre conversando com ela sobre o assunto e explicando situações e conceitos para que ela possa fazer uma boa escolha. “Tenho uma relação de pai e filha, mas também de amizade com a Luiza. Por isso, a política sempre foi um assunto entre a gente”, afirma João Paulo de Camargo.

E a atitude do pai é acertada. Na avaliação do cientista político Malco Camargo, questões políticas devem ser ensinadas em casa. O especialista diz que o tema tem que ser repetido e aprimorado. 

“Os pais devem falar (sobre política) para que os filhos sejam percebidos como receptores de políticas públicas e para que eles entendam que têm que participar das escolhas políticas, caso contrário, eles se tornam invisíveis. Invisíveis para os políticos e invisíveis para as políticas públicas”, explica.

COMPANHEIRO DE VOTAÇÃO
Desde criança, o estudante Lucas Nunes, de 17 anos, acompanha o pai no dia da eleição. A cena é bem familiar a muitos brasileiros. Quem nunca, quando pequeno, ficou animado esperando o momento de apertar os números, a tecla verde para confirmar e ouvir o barulhinho já conhecido?

O pai, Carlos Eduardo Alvarenga Nunes, de 51 anos, conta que tentou envolver o filho nas eleições desde jovem. Tanto na sala de casa quanto na sala de aula, o professor de História diz que sempre falou sobre a importância do voto e que o pleito é o momento que a população tem para opinar sobre seus governantes. 

“Apesar de eu ter as minhas convicções, sempre mostrei para ele que ter uma posição não é problema, desde que você tenha embasamento. Você não pode ser marionete ou deixar ser levado por propaganda ou ‘n’ tipos de influências”, diz.

ELEITORADO 
O número de jovens mineiros que vão votar cresceu 82,64% neste ano em relação às eleições de 2020. Os dados do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) mostram que, em 2022, há 168.242 eleitores de 16 e 17 anos no Estado. Há dois anos, eram 92.114 eleitoras e eleitores nessa faixa etária.

O TRE-MG analisa que esse crescimento significativo se deu por conta da forte campanha que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou neste ano para alcançar os adolescentes, investindo em convocações por meio de peças em redes sociais e demais mídias. A campanha ganhou a ajuda até mesmo de artistas internacionais, como Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo, além da cantora Anitta e Zeca Pagodinho. No Brasil inteiro, houve o registro de 2.042.817 desses jovens leitores.

A estudante Gabriela Lima Rocha Carneiro, de 16 anos, encarou o apoio do pai, Carlos Alberto, para fazer o título de eleitor e votar neste ano como um voto de confiança (Arquivo Pessoal)

A estudante Gabriela Lima Rocha Carneiro, de 16 anos, encarou o apoio do pai, Carlos Alberto, para fazer o título de eleitor e votar neste ano como um voto de confiança (Arquivo Pessoal)

A estudante Gabriela Lima Rocha Carneiro, de 16 anos, engrossa esse grupo. Ela fez o título de maneira virtual. O pai, o comerciante Carlos Alberto, diz que o processo foi tranquilo e fácil e que o interesse partiu da jovem, e que a parte dele foi apoiar. 

“Na verdade, a gente tem que apoiar as decisões dos filhos. E, desde então, nós conversamos com ela e tentamos expor os nossos pontos de vista”, diz. O apoio do pai foi visto pela jovem como um voto de confiança. “Agora, eu também vou decidir o futuro do país”, diz, animada.

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