Gleisi cita caso Alckmin e diz que Justiça protege o PSDB

Estadão Conteúdo
12/04/2018 às 22:09.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:19
 (Reprodução/PT/Magno Mota)

(Reprodução/PT/Magno Mota)

Em seu discurso realizado na noite desta quinta-feira, 12, no ato político do acampamento de militantes em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Curitiba, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann criticou duramente a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), enviou para a Justiça Eleitoral de São Paulo o inquérito que investiga o ex-governador paulista e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin.

"Teve um caso que mostra a seletividade da Justiça: Alckmin foi acusado de receber R$ 10 milhões de propina da Odebrecht. O STJ falou que era caixa 2 e devolveu para a Justiça Eleitoral. O tratamento é feito com dois pesos e duas medidas. A Justiça protege o PSDB", disse a petista, em seu discurso. O tucano é suspeito de ter recebido doações, via caixa dois, da empreiteira Odebrecht que, somadas, chegariam a R$ 10,7 milhões durante as campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Na prática, a decisão do STJ tira o ex-governador da mira da Lava Jato.

No discurso, Gleisi falou também do senador tucano Aécio Neves (MG). "Aécio foi citado gravado (em conversa com o empresário Joesley Batista, da JBS) dizendo que ia matar gente e ainda pediu dinheiro, e a Justiça liberou ele da prisão." Hoje, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, recusou pedido da defesa e manteve a análise da denúncia contra o senador mineiro, na Corte Suprema, para a próxima terça-feira, 17. Além do crime de corrupção passiva, Aécio é denunciado por obstrução de Justiça, no inquérito instaurado em maio de 2017, com base na delação da JBS.

A presidente nacional do PT teceu ainda críticas ao juiz Sérgio Moro, dizendo que ele politizou o judiciário e comprou uma briga política. "Hoje sua rejeição é maior que a do Lula", frisou. E argumentou que o ex-presidente, detido desde sábado, 7, em uma sala da Polícia Federal de Curitiba, "está praticamente em regime de solitária". Ela disse ainda entender que os vizinhos do prédio onde Lula está encarcerado estejam chateados. "Não é fácil ter barraca na frente de casa. Eu particularmente não acharia nada agradável. Mas trouxeram o Lula para cá e nós viemos."

O ato em Curitiba reuniu cerca de 100 pessoas. No final, todos deram o tradicional "boa noite" coletivo a Lula, como fazem todos os dias, além do "bom dia". O Instituto Lula divulgou nota dizendo que o petista se emociona com as cartas que recebe e consegue ouvir as manifestações de apoio do lado de fora da prisão.

Nesta quinta-feira, o ex-presidente recebeu pela primeira vez a visita de seus familiares. Eles deixaram a PF de Curitiba por volta das 17h e saíram rapidamente, sem dar entrevistas e não visitaram o acampamento.

Leia mais:
Procuradoria diz que 'nada impede' que Lava Jato em SP investigue Alckmin
Delação da Odebrecht é de 'natureza eleitoral' e 'não tem procedência', diz Alckmin
Ministra do STJ manda para Justiça Eleitoral de SP investigação sobre Alckmin

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por