Os partidos que fazem parte da chamada terceira via – a busca de uma alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – foram os que mais perderam parlamentares durante a janela partidária, que se encerrou nesta sexta-feira (1º).
Apesar de a movimentação partidária se fechar somente neste sábado, com as divulgações das novas filiações, o balanço parcial da janela partidária já mostra que o cenário de polarização se mantém dominante nas bancadas na Câmara dos Deputados.
Até esta sexta-feira, o PL de Jair Bolsonaro contabilizava um total de 73 deputados; tinha 43. O PP, que também faz parte da base bolsonarista, tinha 33 deputados e terminou com 50. O PT, por sua vez, tinha 53 e chega a 56, continuando como segunda maior bancada da Câmara. Do campo da terceira via, o MDB tinha 34 e terminou com 35, enquanto o PSDB tinha 31 e terminou com 27 deputados. Já o Podemos tinha 11 e termina com 8. E o União Brasil, que foi o que mais perdeu, terminou a janela com 47 deputados, pois tinha 81.
Segundo o cientista político e professor da UFMG, Manoel Leonardo Santos, “essa polarização nasceu nas eleições passadas e foi utilizada por Jair Bolsonaro durante todo seu governo. Com a proximidade das eleições, essa divisão deve aumentar ainda mais”.
Cenário em Minas
Em Minas não será diferente. Na avaliação do professor Manoel Leonardo, “para que uma terceira via se consolide em Minas Gerais terá se esforçar bastante, mostrar capacidade de mobilização e estrutura partidária, pois hoje o cenário apresenta que os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas – o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD) – são bem avaliados e têm posição consolidada entre seus eleitores”.
Nova mexida
No Estado, uma mudança partidária marcou o último dia da janela partidária. O senador Carlos Viana, até então no MDB, anunciou que iria se filiar ao PL para se tornar o candidato de Bolsonaro ao governo de Minas. A chapa deverá ter o deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL) como candidato ao Senado.
A mudança, entretanto, foi vista como uma divisão na base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, sem beneficiar nenhuma força identificada com a terceira via.
Na avaliação de Manoel Leonardo Santos, a candidatura de Viana pode até mesmo beneficiar Alexandre Kalil, “pois busca votos na mesma base de Romeu Zema, o eleitorado classificado como de direita, com posições mais conservadoras e liberais”.
Do lado de Kalil, tudo indica que a chapa terá o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV), como vice. O PT ofereceu o nome do deputado federal Reginaldo Lopes para a disputa ao Senado. Porém, o senador Alexandre Silveira (PSD) confirma que vai tentar á a reeleição e tem dificultado a consolidação da aliança de Kalil com os petistas.
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