A legislatura anterior à atual, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, foi marcada na história do Legislativo municipal como a primeira ter vereadores (dois) cassados por quebra de decoro parlamentar. Ambos, além de um terceiro, suplente de um dos dois e que perdeu mandato por um dispositivo do regimento interno, também chegaram a ser presos.
O primeiro cassado foi Cláudio Duarte (PSL) que, em agosto de 2019, perdeu o mandato após suspeita de ter recebido R$ 1 milhão em um esquema de “rachadinha” (apropriação de parte dos salários de servidores do gabinete) . Duarte foi detido e, hoje, cumpre prisão domiciliar.
O sucessor dele, Ronaldo Batista (PSC) também deixou a CMBH, ao fim do mandato, sob a acusação de ter cometido crime. Batista foi preso após a Polícia Civil apontá-lo como mandante do assassinato do ex-vereador de Funilândia Hamilton Dias de Moura, dirigente sindical do setor de transporte de passageiros. O crime, que aconteceu em julho de 2019, teria sido motivado por disputas sindicais.
Já em novembro de 2019, o ex-presidente da CMBH, Wellington Magalhães (DC) foi cassado após ser investigado por fraudes em licitações de verbas publicitárias da Casa e por supostamente ameaçar colegas e outras autoridades. Magalhães também chegou a ser preso. Depois disso, ao passar ao semiaberto, chegou a atuar no Parlamento com uma tornozeleira eletrônica.
Para o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec, a cultura política brasileira tem quase por regra não punir políticos por desvio de condutas pessoais, ao contrário de países como os EUA, onde a tolerância é muito menor. “Nós vimos casos no Brasil que, se acontecessem nos Estados Unidos, marcariam o fim da vida pública de muitos políticos. No entanto, temos uma condescendência maior. É claro que esta tolerância vem diminuindo, mas é necessário mais pressão da sociedade, que deve cobrar do parlamentar postura digna de quem exerce um mandato”.
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