
Começar a caminhada pelo segundo maior colégio eleitoral do país e desatar os nós que vêm travando a definição do seu palanque no Estado são as duas razões principais que motivaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a iniciar por Minas a sua pré-campanha para a Presidência da República, após o lançamento da chapa Vamos Juntos pelo Brasil, no sábado, em São Paulo (SP).
Em um discurso de mobilização, Lula convocou a militância do seu partido e das siglas aliadas a ganhar as ruas e conversas com todas as pessoas para enfrentar e derrotar o projeto político representado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). “Não será fácil, será uma campanha longa e difícil”, disse para a plateia que lotou o Expominas na noite de segunda-feira (9), no lançamento de sua pré-campanha para a Presidência da República.
O evento denominado Lula Abraça Minas, ocorrido nesta segunda-feira (9), no Expominas, em Belo Horizonte, marcou o início do périplo de três dias do ex-presidente pelo Estado. Marcado para as 17h, o ato atrasou em mais de 2 horas em razão do forte esquema de segurança e revista. Só conseguiu entrar no centro de convenções quem se cadastrou previamente. A agenda de Lula em Minas continua nesta terça (10), em Contagem, e na quarta, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Lula disse que espera uma campanha dura. “Não estamos enfrentando um adversário qualquer. Bolsonaro representa a antidemocracia, o antiamor, a antipaz, a antieducação, o antidesenvolvimento”, discursou. E disse que acredita na capacidade da militância. “É preciso visitar cada rua, cada loja, cada porta de fábrica, cada estação de metrô e de trem porque precisamos ir para as ruas conversar com as pessoas porque nosso adversário mente sete vezes por dia, é o rei da fake news”, disse.
Segundo Lula, Bolsonaro sabe que poderá ser preso ao fim do seu mandato. “Bolsonaro, seus dias estão contados. Ele não teme a urna eletrônica, o que ele teme é ser preso”, afirmou.
O xadrez mineiro
Lula desembarcou no Aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, às 11h. De lá, seguiu para um hotel na região Centro-sul da capital, onde teve encontro fechado para a imprensa, com a presença somente de dirigentes e parlamentares dos partidos aliados.
Além de lançar a pré-campanha de Lula em Minas, o evento no Expominas também teve como mote a defesa da candidatura do deputado federal petista Reginaldo Lopes ao Senado. Reside aí o impasse na construção do palanque de Lula em Minas.
Até então, a maior aposta do PT para garantir a campanha de Lula em Minas é uma composição, ainda que informal, com o palanque do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSD em chapa que tem até então como vice outro político do PSD, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus.
Ocorre que a aliança enfrenta um imbróglio envolvendo a disputa pela vaga de senador. Enquanto o PT reivindica a vaga para Reginaldo Lopes, o PSD trabalha pela reeleição do senador Alexandre Silveira. Para garantir o apoio a Lula, o PT aceita o cenário de dois candidatos ao Senado, mas o PSD não mostrou a mesma disposição e quer Silveira como único nome para a vaga.
Ninguém do PSD compareceu ao Expominas. Mas, nos bastidores, a leitura é que o sinal dado por Lula, ao compor o palanque com presenças como as dos seus ex-ministros Saraiva Felipe, Walfrido dos Mares Guia e Hélio Costa, o líder petista demonstra que caminhos alternativos podem se apresentar e mudar o cenário para uma candidatura ao governo fora do campo do PSD. Além de Saraiva Felipe, que já se apresentou como pré-candidato ao governo pelo PSB, outro nome cogitado para a missão é o do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Diniz Pinheiro, do Solidariedade.
O anúncio oficial da chapa “Vamos Juntos Pelo Brasil” – formada por Lula para presidente e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) na vice – ocorreu no sábado (7), em São Paulo. Além do PT e do PSB, a chapa tem o apoio do PV, PCdoB, Rede, Psol e Solidariedade.
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