Marcio Lacerda critica isolamento do PSB no "acordão"

Patrícia Scofield e Ana Flávia Gussen - Hoje em Dia
20/03/2014 às 07:24.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:44
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

Depois de ter retomado o controle da negociação política do PSB em Minas para as eleições de outubro, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), criticou, na quarta-feira (19), a falta de diálogo da Executiva nacional do partido com os militantes e pré-candidatos durante o acordo para aliança entre o presidente da legenda, Eduardo Campos, e o senador Aécio Neves (PSDB).

Segundo Lacerda, que é apontado pelo PSB nacional como o nome de maior expressão da sigla no Estado, o “acordo informal” entre Campos e Aécio não envolveu a base do partido. A reclamação se refere à forma como o processo foi conduzido e, não, ao conteúdo da proposta de “acordão”. A bandeira do partido em Minas é pela candidatura própria.

O socialista afirma que foi a ala insatisfeita do PSB mineiro que o procurou para “ajudar a fazer um bom acordo” e não, que a manifestação tenha partido dele. Sua possível candidatura ao governo de Minas, no entanto, ainda não foi confirmada, apesar da insistência do convite por parte do partido.

“A militância e os pré-candidatos do PSB não foram envolvidos na negociação, nesse pré-acordo que houve entre Aécio Neves e Eduardo Campos. Então, houve uma movimentação da militância do PSB que não participou dessa negociação no sentido de ser ouvida e participar do processo”, afirma o prefeito. A declaração foi dada durante encontro com a ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT), na sede da prefeitura de BH.

Ainda segundo o chefe do Executivo municipal, uma negociação partidária “não é uma simples adesão a uma campanha majoritária, com tempo de TV”. “É preciso que haja uma articulação, que se participe de todo o processo. Eu fui procurado por muitos companheiros e estou colaborando”, acrescenta o prefeito de BH.

Pré-candidatura

O presidente do PSB de Minas, deputado federal Júlio Delgado, disse, na quarta, que o partido ainda aguarda posição de Marcio Lacerda sobre a disputa ao Palácio Tiradentes. De acordo com ele, o prefeito ainda não descartou a possibilidade.

Porém, o partido só aceitaria que ele deixasse a Prefeitura de BH para concorrer ao governo ou para encabeçar alguma chapa majoritária. Delgado afirmou que Marcio não seria indicado a um cargo “inferior ao de prefeito”, referindo-se à suplência no Senado.

“Em um primeiro momento, Marcio disse que não seria candidato. Nisso, afirmamos que apoiaríamos o pré-candidato do PSDB, o ex-ministro Pimenta da Veiga. Mas estamos aguardando movimentações por parte do governo estadual, que ainda não definiu as chapas majoritárias, e o próprio Marcio, que tem até o dia 5 de abril, o prazo fatal, para se decidir”, argumentou Delgado.

“O prefeito ainda não anunciou nem que vai sair nem que vai ficar. Isso (apoio a Pimenta) vai depender de como seremos contemplados na disputa estadual ou nacional”, completou Delgado.

Atraso no BRT

Lacerda tentou amenizar a possível alteração do cronograma para a segunda etapa do BRT/Move na Avenida Cristiano Machado. Em fevereiro, o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, teria dito que, no próximo, sábado 22 de março, as linhas de ônibus convencionais seriam transformadas em redes alimentadoras do BRT, mas a empresa não confirma a data.

Para o prefeito, o período desde a inauguração do sistema, marcado pela falta de informação e por problemas nas portas, foi uma fase de testes”.

Marta Suplicy pede apoio ao Vale-Cultura

Na visita Belo Horizonte, a ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT), fez um apelo para que o prefeito Marcio Lacerda (PSB) mobilize empresários de BH para adesão ao Vale-Cultura, lançado pelo governo federal no ano passado. Segundo a ministra, Minas é o sétimo Estado em número de adesões por parte de empresas – apenas 173 do total de 1.540.

“Minas está começando a aderir, mas na nossa avaliação poderia estar mais rápido. Agora, o prefeito Marcio Lacerda disse que vai ajudar, conversando com o empresariado, para ver se conseguimos um número maior em Minas, pela importância que Belo Horizonte e o Estado têm culturalmente”, comentou a ministra.

A ideia do Vale-Cultura consiste em que empresas privadas descontem de R$ 2 a R$ 5 do salário dos funcionários com carteira assinada para viabilizar o benefício de R$ 50 mensais, que devem ser gastos com atrações ou produtos artísticos ou culturais.

Ontem, Marta Suplicy fez a entrega simbólica de vales-cultura para empregados da Caixa e do Museu de Artes e Ofícios (MAO), na Praça da Estação, enquanto servidores da PBH faziam manifestação do lado de fora da sede da PBH pedindo 15% de aumento.

Lacerda se comprometeu a procurar sindicatos e entidades de classe para divulgar o programa. De acordo com o prefeito, o benefício, concedido a bancários, é o mesmo que a PBH fornece a professores municipais.

Pedido de verba

Na ocasião, Lacerda e o presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Leônidas Oliveira, pediram recursos para começar as obras do terceiro Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), que seria implantado na Vila Cemig, Regional Barreiro. “Já temos o projeto executivo pronto, orçado na Sudecap em cerca de R$ 3 milhões, e pedimos à ministra a liberação de recursos”, disse Leônidas.

Outra reivindicação foi o investimento de R$ 450 mil, por meio da Fundação Nacional das Artes (Funarte), para contratar mais atrações para a 20ª edição do Festival Internacional de Teatro (FIT). Pela primeira vez, o evento terá mais cinco dias de programação, de 10 a 30 de maio. Ainda segundo o presidente da FMC, o orçamento do FIT está fechado em R$ 7 milhões, mas mesmo assim, “toda ajuda é bem-vinda”.

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