Marcos Valério diz a Moro que Lula, Dirceu e Carvalho foram 'chantageados'

Estadão Conteúdo
12/09/2016 às 18:57.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:48

O empresário Marcos Valério, condenado no mensalão e réu da Operação Lava Jato, declarou nesta segunda-feira, 12, ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, que o ex-tesoureiro do PT Silvio Pereira disse a ele que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho foram "chantageados" pelo empresário Ronan Maria Pinto que teria exigido deles R$ 6 milhões para comprar o jornal Diário do Grande ABC.

Segundo os investigadores, Ronan seria conhecedor de detalhes do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), em janeiro de 2002 - o petista teria sido eliminado porque decidiu dar um fim a esquema de corrupção em sua própria gestão que beneficiou o partido.

Marcos Valério foi ouvido pelo juiz Moro como réu em ação penal da Lava Jato. Ele confirmou ter declarado à Procuradoria-Geral da República em setembro de 2012 que foi procurado para fazer "uma movimentação do dinheiro" supostamente destinado a Ronan - também alvo da Lava Jato.

Segundo o criminalista Marcelo Leonardo, defensor de Valério, o publicitário "chegou a assinar contratos, mas depois que soube das pessoas envolvidas na operação desistiu de participar da movimentação do dinheiro".

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Leonardo disse que Marcos Valério revelou ao juiz da Lava Jato que um ano depois ficou sabendo que a operação de repasse de dinheiro ao empresário do ABC foi efetivada via pecuarista José Carlos Bumlai no Banco Schahin.

Marcos Valério afirmou que "não sabe" exatamente qual teria sido o motivo da chantagem contra Lula e os ex-ministros Dirceu e Gilberto Carvalho.

Ele protestou que "é um homem preso numa penitenciária" (em Minas) e que não daria mais detalhes por "temer represálias".

Marcelo Leonardo, seu defensor, disse à saída da audiência, que "uma delação (premiada) não está descartada e nela poderão ser revelados novos dados sobre o fato".

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