(Frederico Haikal)
Marcos Valério, Ramon Hollerbach Cardoso e Cristiano de Mello Paz foram condenados por lavagem de dinheiro e evasão de divisas do esquema conhecido como mensalão mineiro. Na sentença, a juíza da 4ª Vara Federal Rogéria Maria Castro Debelli fixou em nove anos e dois meses a pena dos réus, além do pagamento de multa individual no valor de 250 salários mínimos. Conforme informações do Ministério Público Federal (MPF), entre 1998 e 2000, Marcos Valério e os dois sócios promoveram a saída clandestina de recursos financeiros do país, em montante superior a 628 mil dólares, por intermédio da Beacon Hill Service Corporation e da subconta Lonton, mantidas junto ao JP Morgan Chase Bank, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. O esquema ilegal foi descoberto durante investigações realizadas pela Força-Tarefa Banestado (quando se descobriu o maior esquema de evasão de divisas do país envolvendo o Banco do Estado do Paraná), que identificou ainda 23 transferências em que a empresa de publicidade de Valério, a SMP&B, foi beneficiária, ordenante ou remetente das divisas. Apesar de não ter resultado de desdobramentos do inquérito principal do mensalão mineiro, que tramita perante o Supremo Tribunal Federal (STF), o processo está relacionado aos crimes praticados durante a campanha de reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas. “Emerge do acervo probatório indiciário e contundente certeza irrefutável a respeito da existência de um complexo mecanismo de arrecadação de dinheiros públicos, a partir da prática de crimes contra a Administração Pública, em suas diversas modalidades, e a posterior injeção daqueles recursos na contabilidade da pessoa jurídica SMP&B Comunicação Ltda, de onde eram repartidos ou expatriados. Tudo realizado com a finalidade de dissimular a origem ilícita deles, seja utilizando-os para efetuar pseudo pagamentos de obrigações e assim contabilizados, seja realizando a denominada operação dólar-cabo (...)”, destacou a juíza em sua sentença. O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, informou que já entrou com recurso. “Nós já protocolamos a apelação no Tribunal Regional Federal em Brasília assim que a sentença saiu”, declarou Leonardo. De acordo com ele, o despacho é de dezembro, mas só foi divulgado agora. Os três réus já foram condenados e cumprem pena por envolvimento no mensalão do PT. Valério e Cristiano Paz estão presos na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Outra condenação Em outra decisão publicada em janeiro deste ano, Marcos Valério e o advogado Rogério Lanza Tolentino foram condenados pelo crime de corrupção também no mensalão mineiro. Valério foi condenado por corrupção ativa e o advogado Rogério Tolentino, por corrupção passiva, e ambos pegaram 2 anos e 2 meses de prisão. No entanto, conforme divulgou o MPF, a pena de reclusão imposta aos réus foi substituída por prestação pecuniária no valor de 150 salários mínimos e por prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas.