Tempo de costuras

Novo ciclo na política mineira começa com articulações: diplomação e acordos para Mesa da Assembleia

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 19/12/2022 às 08:00.
Dois grupos devem ser protagonistas das negociações para a Mesa da Assembleia: um busca unificar a base do governador Romeu Zema (Novo) e o outro tenta agregar os partidos de oposição ao governo estadual (Sarah Torres/ALMG)

Dois grupos devem ser protagonistas das negociações para a Mesa da Assembleia: um busca unificar a base do governador Romeu Zema (Novo) e o outro tenta agregar os partidos de oposição ao governo estadual (Sarah Torres/ALMG)

Os deputados estaduais eleitos serão diplomados nesta segunda-feira (19), no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Entre os 77 nomes, 25 não participaram da última legislatura e já vão entrar com o desafio de entender a lógica do parlamento estadual e participar das articulações para a escolha do futuro presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que está prevista para o dia 1º de fevereiro do próximo ano.

O doutor em ciência política, professor Christopher Mendonça, explica que quem controla a Mesa da Assembleia pode definir a pauta de votações do Legislativo. Por isso, a disputa exige atenção especial do governo estadual, para evitar uma relação tumultuada como a que ocorreu no primeiro mandato do governador Romeu Zema (Novo), reeleito em outubro.

“No primeiro mandato, o presidente da Assembleia, deputado Agostinho Patrus, tinha uma postura de oposição a Zema e, por isso, o governo viu vários projetos travados, sem votação. O governador aprendeu, fez alianças para a eleição e esse cenário deve mudar no segundo mandato. O governo deve tentar garantir uma Mesa mais próxima do governador”, avalia o professor. 

As conversas, por enquanto, circulam pelos corredores da Assembleia de maneira informal. Mas todos os ouvidos pela reportagem concordam que dois grupos devem ser protagonistas das negociações. Um busca unificar a base do governador Romeu Zema (Novo) e o outro tenta agregar os partidos de oposição ao governo estadual.

Governistas
Na base de Zema, três nomes estão colocados. Um deles, o do deputado Antônio Arantes (PL), vem com a força da bancada do PL, segunda maior da ALMG, com 9 deputados eleitos. O nome de Arantes tem destaque entre a base de apoio ao governador Romeu Zema e algumas fontes dizem que hoje ele é a candidatura mais forte entre os partidos de direita. 

Porém ele ainda não é o candidato do governo para a presidência da Assembleia. Fontes ligadas ao deputado dizem que Arantes quer evitar desgastes com outros candidatos e ainda busca o diálogo para manter unidade do grupo.

Quem também está na disputa para representar a base de Zema é o deputado Zé Guilherme (PP), pai do deputado federal Marcelo Aro (PP), que foi candidato ao Senado com apoio do governador e é político próximo de Romeu Zema. O grupo político de Aro e Zé Guilherme mostrou capacidade de articulação na última segunda-feira (12), quando liderou as negociações para eleger o vereador Gabriel Azevedo (Sem partido) para presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, e derrotou uma chapa apoiada pelo PT e pelo prefeito da capital, Fuad Noman.

Além dos dois, o atual líder do governo Zema na ALMG, o deputado Roberto Andrade (Avante), apresentou seu nome para a disputa. Ele tem acesso às lideranças da Casa, o que facilitaria a busca de apoios para uma possível candidatura.

Alternativa
Entre os partidos de oposição ao governo Zema, o nome do candidato Tadeu Martins Leite (MDB) é o único que aparece com destaque. Tadeuzinho, como é conhecido, tem bom trânsito entre parlamentares de diversos partidos, foi secretário de Estado durante o governo de Fernando Pimentel (PT) e teria o apoio da maioria dos parlamentares de oposição e também alguns da base do governo. 

Porém, para que a candidatura se concretize e tenha força, o parlamentar vai precisar do apoio do PT, partido que tem a maior bancada na ALMG, com 12 dos 77 deputados eleitos. No entanto, parlamentares petistas ouvidos pela reportagem disseram que ainda não houve uma definição partidária sobre a questão. 

O PT tem a maior bancada e soma 17 deputados, contando os eleitos na federação petista que inclui o PV e o PCdoB. Se o partido conseguir atrair PSB, Psol e Rede, que fazem oposição a Zema, seriam 21 deputados entre os 77. O grupo é numeroso, mas está longe de ser maioria no plenário, onde são precisos 39 votos para eleger o presidente da Casa. Por isso, a saída com Tadeu Leite poderia ser uma alternativa ao partido.

Solução de consenso
Os quatro principais nomes que circulam até este momento são de partidos que apoiaram a reeleição de Romeu Zema. Na avaliação do professor Christopher Mendonça, as eleições na ALMG não costumam gerar muitos atritos e a tendência é a de que os grupos conversem e cheguem a uma solução consensual. 

“Não é comum situações na ALMG em que exista um distanciamento muito grande entre o governador e o presidente da Casa, tal como ocorreu entre Zema e Agostinho Patrus. O comum é que o presidente eleito no Legislativo seja próximo do governador e a expectativa é a de que isso ocorra novamente”, avalia.

Outros diplomados
Além dos deputados estaduais, serão diplomados pela Justiça Eleitoral mineira os deputados federais, o senador Cleitinho (PSC), os suplentes ao Senado e o governador Romeu Zema e o vice-governador, Mateus Simões (Novo).

O presidente do TRE-MG, desembargador Maurício Soares, conduzirá a solenidade. São esperados mais de 1.200 convidados para a cerimônia. Apenas o presidente do TRE e o governador Romeu Zema irão fazer pronunciamentos.

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