(Luis Macedo/Camara dos Deputados)
Apresentada como um possível palanque alternativo para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas Gerais, a pré-candidatura do ex-deputado federal Saraiva Felipe ao governo de Minas pelo PSB não terá vida fácil para se consolidar dentro do partido.
Pelo menos no que depender da atual direção do PSB em Minas, que não esconde o desconforto com a investida de Saraiva Felipe, recém-filiado à sigla. “Somos um partido democrático e reconhecemos o direito do Saraiva ou de qualquer outro filiado em postular a candidatura, mas a decisão é soberana da direção e da convenção”, pontua o deputado federal Vilson da Fetaemg, presidente do PSB em Minas. “Não nos cabe vetar ou não, tudo será decidido de forma democrática”, diz.
Oriundo do MDB, onde foi deputado federal por seis mandatos, e ainda na condição de ex-ministro da Saúde de Lula, Saraiva se apresentou esta semana como pré-candidato ao governo de Minas. A ideia que o move, segundo ele próprio define, é assegurar palanque para a candidatura de Lula em Minas. “Meu nome como pré-candidato ao governo foi apresentado por um grupo do PSB e resolvi aceitar porque não poderia fugir dessa tarefa de garantir uma aliança sólida e um palanque para o presidente Lula aqui em Minas Gerais”, disse Saraiva, em entrevista esta semana à rádio Bom Sucesso FM, de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha.
Até então, a maior aposta do PT para garantir a campanha de Lula em Minas é uma composição, ainda que informal, com o palanque do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSD em chapa que tem até então como vice outro político do PSD, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus.
Ocorre que a aliança enfrenta um imbróglio envolvendo a disputa pela vaga de senador. Enquanto o PT reivindica a vaga para o deputado federal Reginaldo Lopes, o PSD trabalha pela reeleição do senador Alexandre Silveira. Para garantir o apoio a Lula, o PT aceita o cenário de dois candidatos ao Senado, mas o PSD não mostrou a mesma disposição e quer Silveira como único nome para a vaga.
Da parte do PSB, houve também tentativas de assegurar posição na chapa majoritária encabeçada por Kalil. Como conta Vilson da Fetaemg, tanto Kalil como Patrus receberam convites para se filiar à legenda. Kalil inclusive já teve passagem pelo PSB. Mas as negociações não prosperaram.
Mas, afirma Vilson, a ausência do PSB da chapa majoritária não significa que o partido tenha de ter, automaticamente, um nome próprio para a disputa, como é o caso de Saraiva Felipe. Assim como também não há apoio automático a Kalil, reforça o presidente do PSB-MG.
“O que temos como definido é que somos oposição ao governo de Romeu Zema e teremos isso claro na campanha”, frisa Vilson, citando o governador, que deve tentar a reeleição pelo Novo.
As definições no PSB só devem adquirir maior clareza a partir da semana que vem, quando Lula estará em Minas para um périplo de três dias. O líder petista chega na segunda-feira a Belo Horizonte e deverá ter um encontro reservado com a direção do PSB em Minas. Também é aguardado para o encontro o presidente nacional do PSB, o pernambucano Carlos Siqueira.
Nesse encontro, o palanque em Minas será a principal pauta, o que passa necessariamente pela definição em torno do nome a ser defendido pelos apoiadores de Lula em Minas para o governo do Estado: se Kalil ou se uma outra candidatura ainda a ser construída. A outra pauta, que está ligada à primeira, é quanto ao nome para o Senado.
Lula desembarcará em Minas já na condição de pré-candidato à Presidência da República, tendo como vice o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, recém-filiado ao PSB. O lançamento da chapa "Vamos Juntos pelo Brasil" ocorre nesta manhã de sábado, em São Paulo. Alckmin acompanharia Lula na viagem a Minas Gerais, mas precisou cancelar uma vez que testou positivo para Covid-19. Lula também fez o teste mas deu negativo.
A agenda de Lula em Minas terá como ponto alto a participação no ato de lançamento de Reginaldo Lopes ao Senado. O evento está marcado para as 17h, no Expominas, em Belo Horizonte. Na terça, o líder petista tem agenda confirmada em Contagem, município administrado pela correligionária Marília Campos, e no dia seguinte em Juiz de Fora, onde a prefeita é Margarida Salomão, também do PT.
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