(Luiz Costa)
Pelo menos sete políticos mineiros ligados à base do governo do PT receberam doações da Gráfica Editora Brasil, controlada por Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, preso pela Polícia Federal (PF) e principal investigado na Operação Acrônimo. Durante a campanha de 2014, três deles receberam valores superiores a R$ 10 mil, segundo os dados disponíveis no site do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).
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A empresa foi mais generosa com o deputado federal Gabriel Guimarães, filho do ex-deputado federal Virgílio Guimarães, cuja residência foi alvo de busca e apreensão pelos policiais federais. A campanha do petista recebeu da Gráfica Editora Brasil duas remessas de R$ 76.154 e de R$ 19.194, cada uma, num total de R$ 95.348. O parlamentar não retornou ao pedido de entrevista.
Líder do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado Durval Ângelo também recebeu dinheiro da empresa de Bené. Foram duas doações no valor total aproximado de R$ 20 mil.
“Eu não conheço o senhor Bené. Eu estive com ele uma vez só na campanha. Não vou me omitir. Se fosse alguém do meu relacionamento que eu precisasse defender, eu defenderia”, declarou Durval. O deputado alegou desconhecer o empresário e saiu em defesa do governador Fernando Pimentel e da primeira-dama Carolina Oliveira.
Sem relação
“Ninguém vai achar que o senhor Bené – que eu nem conheço o nome dele, eu li nos jornais – que ele tinha algum contrato com o governo atual que fosse motor da prisão. A matéria que vi da PF afirmava que seriam contratos anteriores com o governo federal. Não coloca nenhum contrato com o governo de Minas Gerais ou com Fernando Pimentel. Mas se aparecer, que se puna”, afirmou.
Durval disse ainda que a busca e apreensão no apartamento da primeira-dama do Estado, em Brasília, “com toda certeza não seria sobre fato presente”. “Ninguém pode imaginar que no Servas, que não tem dinheiro nenhum, tivesse denúncia de corrupção que justificasse a ação”, afirmou.
Outro político da base aliada agraciado com doações da Gráfica Editora Brasil foi o deputado Paulo Guedes, atual secretário de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas (Sedinor). Durante a campanha, Guedes recebeu duas doações de R$ 9.766 e R$ 2.336. Em nota, Guedes disse que as doações foram declaradas conforme a lei e as suas contas aprovadas pelo TRE-MG.
Explicação
O deputado João leite (PSDB) afirmou que Bené é amigo íntimo de Pimentel e disse que a população espera uma explicação. “O Durval diz que não conhece o Bené, mas o Bené depositou dinheiro na campanha dele. Não sabemos de tudo ainda”, declarou.