Nos primeiros dias de agosto, a Assembleia Legislativa experimentou uma enxurrada de promoções para os servidores dos gabinetes. Segundo levantamento feito pelo Hoje em Dia, entre os dias 1º e 14 de agosto, 53 deputados estaduais aumentaram, alguns em até oito vezes, os salários de 223 servidores.
 
O fenômeno tem como pano de fundo uma negociação em torno do projeto de lei que extinguiu o benefício conhecido como ‘auxílio-paletó’. Segundo um parlamentar que pediu anonimato, o fim do pagamento do 14º e do 15º salários, aprovado em julho deste ano, estaria condicionado ao projeto de lei que aumentou a verba de gabinete dos parlamentares.
 
“Só aprovamos o fim dos benefícios porque tivemos a garantia de que ganharíamos mais 50 pontos para distribuir no gabinete. Os deputados gostam de tratar essas coisas discretamente, por isso toda negociação e redação do projeto de lei foram feitos sem alarde”, declarou o deputado estadual.
 
Lideranças
 
De acordo com ele, as negociações foram feitas entre as lideranças e a Mesa Diretora da Casa nos meses que antecederam a aprovação do projeto de lei 3.329. A distribuição de pontos citada pelo deputado é a maneira como a Assembleia Legislativa regulamenta os gastos dos gabinetes com funcionários de livre nomeação.
 
Além da negociação em torno da aprovação do projeto, o parlamentar atribui ao fenômeno de promoções outra denúncia: compensação para servidores que estão sendo desviados para as campanhas no interior do Estado.
 
Um servidor, que também não quis ser identificado, declarou que foi promovido para poder auxiliar o deputado na campanha em suas bases eleitorais. Ele contou ainda que outros dois funcionários também foram remanejados de seus cargos pelo mesmo motivo.
 
“No início da campanha eleitoral nos foi pedido empenho na candidatura de alguns aliados”, declarou a fonte, que mostrou sua agenda de trabalho para os próximos dias. “Tem dias que visitamos até três cidades”, declarou, reforçando que mantém algumas funções na Assembleia, cumpridas duas ou três vezes na semana.
 
Outra servidor, que pediu anonimato por medo de retaliação, afirmou que faz campanha para um deputado que é candidato a prefeito. Ele também alega que está se dividindo entre as atividades eleitorais e legislativas, e que foi promovido para compensar a dupla função.
 
“Isso sempre aconteceu aqui na Casa”, afirmou. Outras duas pessoas procuradas deram relatos semelhantes.
 
Redução da economia
 
Com a aprovação do fim do ‘auxílio-paletó’, a Casa tinha uma expectativa de economizar pouco mais de R$ 9 milhões por mandato, uma vez que cada deputado recebia no fim do ano uma bolada de R$ 40.084,70. Porém, com o aumento dos gastos nos gabinetes, essa economia será menor.[/LEAD]
 
O projeto de lei também cria outro dispositivo: o pagamento de um benefício de R$20 mil no início do mandato e outro no final do mandato de cada parlamentar.

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