Vereadores da Grande BH cobravam 'mensalinho' para mudar Plano Diretor

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
25/03/2015 às 09:01.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:22
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Seis dos 11 vereadores de São Joaquim de Bicas, na Grande BH, foram detidos suspeitos de cobrarem R$ 1,2 milhão em propina de empresários interessados em negócios na cidade.

Entre os presos na ação conjunta do Ministério Público Estadual (MPE) e Polícia Militar, batizada de operação “Contra Legem”, na manhã de ontem, está o empresário e atual presidente da Câmara, Carlos Alberto Braga Fonseca, o Carlinhos da Funerária (PSB). O chefe do Legislativo é apontado como sendo o cabeça do esquema do “mensalinho” na Casa.

De acordo com os investigadores, o grupo de parlamentares apresentou projetos de lei modificando o plano diretor do município em favor de pelo menos seis empresas. Inicialmente, os empresários estão na condição de colaboradores do processo. O esquema de corrupção envolvendo mais da metade dos vereadores começou a ser investigado no fim do ano passado.

Além de Carlinhos, foi decretada a prisão temporária dos vereadores Marcos Aender dos Reis, o Marcão (PT), e Tarcísio Alves de Resende, o Neném da Horta (PMDB). Eles foram encaminhados para o Ceresp da Gameleira, na capital.

Farra das placas

Conforme o Hoje em Dia mostrou em janeiro, em uma série de reportagens sobre a farra das placas no Estado, Carlinhos da Funerária desfila pelas ruas da cidade dirigindo um Toyota Corolla XRS, com placa de táxi, apesar de nunca ter exercido a profissão.

Top de linha, o modelo do veículo do parlamentar tem preço estimado em R$ 80 mil, mas ele confirma ter comprado com os descontos previstos em lei para os taxistas.

Contra Cristiano da Silva de Carvalho, o Balança (PMDB), Enilton César da Silva, Niltinho (PPS) e Fábio Cândido Corrêa, Fabinho do Bar (PSDB) foram expedidos mandados de busca coercitiva. Eles prestaram depoimento e foram liberados.

Dez mandados de busca e apreensão de documentos foram cumpridos nos gabinetes dos vereadores, na sede do Legislativo local, e nas residências dos investigados. Foram apreendidas 25 sacolas com documentos e vários celulares.

O próximo passo da apuração é analisar os produtos apreendidos, ouvir os vereadores presos e cerca de oito testemunhas.

De acordo com os promotores de Justiça Paula Lino, Willian Garcia Pinto Coelho e Luciano Moreira de Oliveira, os parlamentares apresentaram projetos de lei alterando áreas rurais para urbanas. Em troca, exigiam propina de empresários de vários segmentos, entre eles do ramo imobiliário.

Em menos de seis meses os investigadores levantaram os indícios contra os suspeitos. Somente nesse período, eles exigiram R$ 1,2 milhão em propina. De acordo com a investigação, no entanto, não existem elementos de que eles conseguiram arrecadar essa quantia.

Inicialmente, os empresários estão sendo tratados como testemunhas do inquérito, mas não está descartado o envolvimento deles com o esquema de propina.

Presidente da Câmara planejava concorrer à prefeitura na eleição do ano que vem

Pré-candidato a prefeito na eleição do ano que vem, o empresário e presidente da Câmara de São Joaquim de Bicas, Carlinhos da Funerária (PSB), foi o último a ser preso durante operação “Contra Legem”.

Ele foi capturado na cidade vizinha de Igarapé onde havia passado a noite com uma “amiga”.

Depois foi conduzido até a sede da Câmara de São Joaquim de Bicas, onde foi bastante hostilizado pelos moradores da cidade.

Na casa dele, os policiais encontraram um revólver calibre 22.

Em entrevista relâmpago em frente à Câmara, o vereador alegou ser vítima de perseguição política. Sobre a arma, disse ter encontrado na rua.

Já na casa do vereador Fábio Cândido Corrêa, Fabinho do Bar (PSDB), foi encontrado um revólver 38 com registro vencido.

Diferentemente de Carlinhos, que teve prisão temporária decretada, Fabinho foi detido (mandado de condução coercitiva) e depois liberado.

Os seis vereadores suspeitos devem ser indiciados por corrupção passiva e organização criminosa.

Durante as buscas e apreensões, os investigadores ficaram impressionados com o padrão da casa dos parlamentares investigados. Uma delas é equipada com um sistema de segurança de última geração. 
  Veja o momento em que o presidente da Câmara, Carlos Alberto Fonseca, deixa a sede do Legislativo:

 

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