
Três vereadores de cidades mineiras se envolveram em ruidosas polêmicas nas duas últimas semanas, relacionadas a seus comportamentos como cidadãos. Os casos, embora sem terem as mesmas motivações, expuseram posturas que, segundo especialistas, não condizem com o que se espera de representantes do povo. E ferem, em última análise, a imagem do próprio Poder Legislativo.
A primeira situação envolveu William Faria (PT), de Santa Bárbara do Leste, no Vale do Rio Doce. No final de abril, usando um facão, Faria abriu o caixão de um homem de 92 anos, que morrera com sintomas de Covid-19. O fato chocou a cidade de mil habitantes, já que caixões fechados são a regra em mortes sob suspeita de Covid, e fez com que a direção do PT mineiro afastasse o parlamentar.
O segundo caso teve como pivô Guilherme Guimarães (PV), de Brumadinho, na Grande BH. Parlamentar mais votado da cidade, Guimarães teria reunido, no fim de semana, dezenas de amigos em uma festa de aniversário com show, aglomeração e convidados desrespeitando o distanciamento social, também imposto pela Covid. O PV abriu processo disciplinar para apurar o fato e considerou-o “muito grave”.
O terceiro e mais recente foi o do vereador de BH Bim da Ambulância (PSDB), que postou vídeo nas redes sociais, ontem, no qual aparece, seminu, na privada do banheiro de uma casa de alto luxo, em Búzios (RJ). “Bom dia, família, vocês pediram... É para dar um gás”, diz ele, sorrindo, na gravação, enquanto mostra o cômodo luxuoso da casa de um amigo. Em seguida, menciona o pedido de um de seus mais de 580 mil seguidores no Instagram: “Bim, se eu fosse você eu fazia um vídeo dando uma c... nesse banheiro, espia”.
Ao contrário dos outros casos, a postagem não gerou reações do partido de Bim. Nem da Câmara de BH. Essa, diga-se, não foi a primeira vez que Bim se envolve em polêmicas. Em 2017, ele foi preso após desembarcar de um helicóptero em uma praia de Guarapari (ES). Na época, Bim – que pilotava a aeronave com a licença de piloto suspensa, foi indiciado pela Polícia Civil capixaba.
Especialista diz que sociedade deve fazer pressão e sempre cobrar posturas mais dignas dos políticos que ela escolhe
Para o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec, nos três casos, o limite entre a vida particular e pública de políticos parece não ser norteado por regras institucionais, como seria apropriado. “O sistema tem que impor esses limites, não somente por reação às pressões da sociedade, mas, principalmente, para garantir a preservação da imagem do Poder Legislativo”, afirma Cerqueira.
Sem reação
A polêmica sobre Bim não teve repercussões formais de outros vereadores e nem da própria CMBH. Em nota, a assessoria de comunicação do Legislativo comunicou apenas que a presidência “não comenta atuação de vereadores em redes sociais, cujos conteúdos são de responsabilidade exclusiva de cada parlamentar”.
Bim defendeu-se e disse que o vídeo foi feito após sugestões de seguidores, que queriam ver um pouco mais de sua intimidade: “Sou espontâneo. Trata-se de um momento pessoal em que eu estava em um momento de lazer, nada que tenha confronto a atividade parlamentar”.
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