Previsões de Mantega: o ministro continua apostando num PIB maior

Hoje em Dia
02/03/2013 às 07:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:30

Há três meses, a Secretaria da Receita Federal calculou que o valor de todos os impostos pagos no país somava 35,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011. É preciso fazer novo cálculo. Desde então, verificou-se que a arrecadação de tributos vem quebrando recordes, mas o PIB de 2012 cresceu apenas 0,9%.

O governo reagiu com indignação a um artigo publicado em dezembro pela “The Economist”, que chamou de “criatura moribunda” o PIB brasileiro, com base nos resultados do terceiro trimestre. A indignação foi maior porque a revista britânica sugeriu à presidente Dilma Rousseff a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, alegando que faltava a ele credibilidade para que os estímulos ao crescimento da economia surtam resultado.

A equipe econômica insiste que não teremos, neste ano, um novo “pibinho”. Os dados divulgados ontem pelo IBGE indicam que no último trimestre de 2012, o crescimento do PIB foi de apenas 0,6%, em comparação com o 3º trimestre. A alta foi puxada pelo setor de serviços, que tem forte influência no cálculo do PIB, e que avançou 1,1%, enquanto a indústria registrou crescimento de 0,4% e a agropecuária amargou queda de 5,2%.

Outros dados da pesquisa do IBGE mostram uma economia com sérios problemas. Não moribunda, como classificou a revista britânica. Para um país muito necessitado de grandes investimentos para poder crescer, o que se vê é que a taxa de investimentos, em 2012, foi de 18,1% do PIB, contra 19,3% no ano anterior. É uma taxa extremamente baixa, até mesmo quando comparada com a de outros países latino-americanos, como Chile, Colômbia, Peru e México, onde ela varia entre 23% e 25%. Além disso, a taxa de poupança no Brasil também caiu: de 17,2% em 2011, para 14,8%.

O consumo das famílias brasileiras, no entanto, continua crescendo, como ocorre desde que o PT chegou ao governo. Em 2012, o aumento foi de 3,1%, estimulado, segundo o IBGE, pelo crescimento de 6,7% da massa salarial dos trabalhadores e do saldo de operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres para as pessoas físicas, que teve alta de 14%. E pelos gastos do governo, que aumentaram 3,2%. O problema é que nada disso é sustentável, se a riqueza produzida pelos brasileiros continuar menor que o crescimento da população do país. Mantega continua apostando num PIB maior neste ano, entre 3% e 4%. Mas sua bola de cristal não é confiável: há um ano, visualizava PIB superior a 4% em 2012...

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