Áudio exclusivo: em grampo, Stillus cogita devolver R$ 11,4 milhões

Ezequiel Fagundes - Do Hoje em Dia
29/06/2012 às 07:46.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:11
 (WASHINGTON ALVES/VIPCOMM )

(WASHINGTON ALVES/VIPCOMM )

O risco de a Stillus sofrer punições por indícios de irregularidades em um contrato com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) fez a cúpula da firma cogitar abrir mão de R$ 11,4 milhões. Tudo para preservar outros contratos milionários pelo país.

Um grampo da operação ‘Laranja com Pequi’, do Ministério Público (MP) de Minas e da Polícia Federal (PF), mostra o diretor da empresa, João Wilson Veloso Barbosa Júnior, aconselhando o sócio da Stillus e vice-presidente do Cruzeiro, José Maria Queiroz Fialho, a romper o contrato e devolver o dinheiro para a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do governo fluminense.

“Ou nós devolvemos aquele contrato ou nós vamos tomar uma punição no Rio”, alerta João Wilson.

A preocupação deles é a de que o resultado de uma devassa no contrato para operar o restaurante universitário pudesse se alastrar para outros negócios da Stillus. “Vai tomar uma punição lá e nós vamos ter problemas em todo o país”, prevê Wilson, que chegou a mensurar o tamanho do prejuízo.

“O Rio é o mais grave, é gravíssimo. O Rio é o seguinte: ou a gente sai do contrato ou a gente vai perder dinheiro com força, Zé, mais muito não é pouco não”, analisa o diretor.

O vice-presidente do Cruzeiro fica assustado com o diagnóstico: “Meu Deus do céu”, afirma, ao fim da ligação, interceptada em 18 de fevereiro deste ano.

Antes, porém, José Maria Fialho admite que o contrato de R$ 11,4 milhões com UERJ representa pouco para o caixa da empresa de alimentação. “No tamanho de nossa empresa, graças a Deus, nós hoje podemos falar assim: queremos só tranquilidade, não precisamos de ter problema”, recomenda Fialho.

O novo bandejão da UERJ foi inaugurado em setembro de 2011. No mês anterior, saiu publicado no ‘Diário Oficial’ do Rio o instrumento do contrato. Ele foi assinado em julho de 2011, com vigência de 36 meses.

Em setembro do ano passado, o bandejão foi aberto sob protestos dos universitários. Até a polícia precisou intervir em um ato que terminou com seis feridos. A revolta com os estudantes era com o preço cobrado na unidade da Stillus.

Enquanto restaurantes de outras universidades cobravam de R$ 0,70 a R$ 1,45, o bandejão da UERJ abriu de R$ 2 a R$ 5,31.

Procurada, na última quinta-feira (28), a assessoria de imprensa da UERJ disse que há problemas na relação contratual com a Stillus, mas não deu maiores detalhes sobre o caso, limitando-se a dizer que existe um “mal-estar” entre as partes.
 
Relação promíscua

Apesar de tratar de assuntos particulares de sua empresa, o vice-presidente do Cruzeiro usava o telefone celular pago pelo clube. Além dos contratos da Stillus Alimentação, os grampos revelam diálogos sobre negócios no segmento agropecuário.

Aliado de primeira hora da família Perrella, José Maria Queiroz Fialho é suspeito de ter ordenado o sumiço de documentos da filial da Stillus, no Bairro Buritis, em Belo Horizonte. Sua ligação telefônica foi interceptada pela PF no dia da deflagração da operação ‘Laranja com Pequi’, conforme mostrou o Hoje em Dia na edição da última quinta-feira (28).

Confira a gravação com a conversa:


 

 

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