Índice de Confiança da Indústria atinge o maior nível registrado nos últimos 10 anos

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
29/12/2020 às 08:54.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:25
 (Ricado Teles/VAle/Divulgação)

(Ricado Teles/VAle/Divulgação)

A indústria brasileira espera que 2021 seja o melhor dos últimos anos. Pelo menos isso é o que mostra o Índice de Confiança da Indústria (ICI), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). De acordo com a entidade, o índice registrou em dezembro o maior valor desde maio de 2010, quando ficou em 116,1 pontos. Com o avanço de 1,8 ponto neste mês, o ICI atingiu 114,9 pontos e fechou o quarto trimestre de 2020 com média de 113,1 pontos, 14,7 pontos a mais do que a média do terceiro trimestre, que ficou em 98,4. 

De acordo com a economista Renata de Mello Franco, do Ibre/FGV, o Índice de Confiança da Indústria de Transformação encerra o ano com um desempenho surpreendente, após “atingir o fundo do poço” em abril. 

“A recuperação da confiança, impulsionada pelos bens intermediários, indica que o setor está em uma conjuntura favorável, com aceleração da demanda e estoques ainda em nível considerado baixo”, destaca a economista. 

No entanto, mesmo com o bom índice, o setor ainda vê um céu com muitas nuvens no horizonte próximo. Segundo o Ibre/FGV, o resultado de dezembro confirma a tendência de desaceleração do crescimentos dos indicadores.

Segundo dados da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a projeção de crescimento para a indústria no próximo ano é de 6%

“Apesar das expectativas em geral indicarem otimismo, a incerteza elevada, a falta de matérias primas, a elevação de preços e a cautela dos consumidores têm deixado os empresários cautelosos em relação ao segundo trimestre”, afirma Renata de Mello Franco. 

Em Minas Gerais, as perspectivas do setor industrial também estão na mesma linha de um otimismo cauteloso. De acordo com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a projeção do crescimento da indústria no Estado deve ser de 6%. Para o vice-presidente da entidade, Teodomiro Diniz, o crescimento e os investimentos no setor vão acontecer. No entanto, o ritmo para isto será ditado pelas condições econômicas do país. “Ainda estamos num grau de incerteza muito grande, pois não sabemos como a economia vai reagir no próximo ano, sem os programas de socorro do governo tanto aos estados e municípios, como também aos trabalhadores”, afirma Diniz, que acredita ser necessário que o governo federal consiga implementar as reformas administrativa e tributária para ajustar o déficit fiscal e, desta forma, garantir segurança ao mercado.

Mesmo com as incertezas no mercado interno, um setor da indústria mineira está a pleno vapor: o da construção civil. Em plena pandemia, o setor viu um boom de crescimento da procura por imóveis de alto padrão e as vendas dispararam no segundo semestre. 

Segundo a Fiemg, a construção civil fechará o ano com um crescimento de 6,2%. Com os canteiros de obras lotados, o setor vai continuar aquecido em 2021 para entregar o que foi vendido neste ano. “As indústrias de matérias de construção já estão com as contratações fechadas para o ano que vem. E a demanda ainda existe. É um setor que continuará aquecido para 2021”, avalia Teodomiro Diniz.

Outra aposta da indústria mineira está nas exportações, principalmente as voltadas para as áreas da mineração e de agricultura. Com o dólar alto, os preços das commodities – como o minério de ferro – e a elevada demanda por alimentos na China devem puxar estes setores a bons desempenhos no ano que vem. 

Segundo a Fiemg, a indústria extrativa – que inclui o setor da mineração – deve ter o melhor desempenho no próximo ano, crescendo 10,7%. Para Teodomiro Diniz, o foco destes setores tem que ser aproveitar o momento de câmbio alto e elevada demanda para retomar o crescimento. 

“O pior cenário já passou e, para estes setores da indústria, o panorama para 2021 é muito bom. O setor da mineração ainda não está produzindo a plena capacidade. E para a agroindústria existe uma forte demanda de alimentos, em especial, vinda da China. As perspectivas são as melhores que poderíamos ter”, enfatiza o vice-presidente da Fiemg.

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