Aécio e Dilma escolhem Minas para conquistar eleitores na reta final

Tatiana Moraes e Patrícia Scofield - Hoje em Dia
14/09/2014 às 08:18.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:11
 (Flávio Tavares/Samuel Costa)

(Flávio Tavares/Samuel Costa)

O alvo preferencial dos ataques de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) continua sendo a candidata Marina Silva, (PSB). Em Nova Lima, a presidente petista voltou a ressaltar o que considera a principal fraqueza de sua adversária e disse que “falta convicção” à ex-ministra do Meio Ambiente para defender suas posturas. O nome de Marina, no entanto, não foi citado diretamente por Dilma. A petista falou sobre o choro da candidata na noite da última sexta-feira, quando reclamou estar sendo “injustiçada” pela críticas do PT e se comparar ao ex-presidente Lula na campanha de 1989. “O presidente da República sofre pressão 24 horas por dia. Sobe e desce o Everest todo dia. Se a pessoa não quer ser pressionada, criticada, não quer que falem dela, não dá para ser presidente. A gente tem que entender que o presidente não pude mudar de posição de cinco em cinco minutos. Não dá para a gente vacilar diante de Twitter”, afirmou Dilma, em referência aos comentários do pastor Silas Malafaia sobre o casamento gay.   Em outro ponto da cidade, o senador tucano Aécio Neves também atacou. “Marina não adquiriu as condições de governabilidade para enfrentar as dificuldades que nós teremos pela frente. Nós somos a mudança segura, responsável e corajosa que o Brasil espera e precisa viver”, comentou o tucano. Nesse sábado (13), Aécio participou de uma carreata no centro de Belo Horizonte acompanhado dos também candidatos tucanos Pimenta da Veiga (governo de MG) e Antonio Anastasia (Senado). O senador ainda se encontrou com lideranças jovens e assinou o Pacto pela Juventude e o Pacto pela Igualdade Racional.   Agenda similar foi cumprida pela candidata do PT, Dilma Rousseff. À tarde, na Pampulha, ela se encontrou com lideranças jovens, movimentos LGBT e movimentos negros.   Choro   Dilma não se furtou a comentar o episódio do choro da concorrente Marina Silva. “Sou contra a pessoa chorar. Mas choramos porque nos identificamos com as coisas. O homem é um bicho que ri, ri até de si mesmo”. Mais tarde, na agenda com jovens no Parque Ecológico da Pampulha, Dilma mencionou pessoas “que não mudam de opinião, não pensam uma coisa de manhã, outra à tarde”.   Em outro momento, ao citar a postura de Marina sobre o pré-sal, Dilma ironizou o fato de a candidata do PSB “ignorar” os 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde. “Para melhorar a educação, vamos precisar desse dinheiro, para a educação em tempo integral, para o FIES, para o ProUni, para universidades privadas que vão ampliar as matrículas para quem nunca teve acesso. Não dar importância a essa lei é ruim. É o pré-sal que vai mudar esse país nos próximos dez anos”, ressaltou.   Segundo a petista, “é mais fácil colocar a culpa nos outros (sobre o comportamento do mercado financeiro)”. “As ações da Petrobras estarão em alta porque em oito anos tivemos o recorde da extração do petróleo, com 540 mil barris por dia”.   Experiência   Também se referindo a Marina Silva, o candidato Aécio Neves disse que governar é muito mais do que “ter boas intenções”. Com relação aos números divulgados pela pesquisa Ibope na última sexta-feira, que colocavam o tucano em terceiro lugar com 15% da intenção dos votos, Aécio foi enfático. “Vamos estar no segundo turno, não importa com quem”, sustentou.   Petista diz que país ainda terá ‘presidente negra’   Ao lado do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, coordenador de sua campanha em Minas; do candidato ao governo de Minas pelo PT, Fernando Pimentel, e do candidato ao Senado pelo PMDB, Josué Alencar, Dilma Rousseff rebateu, na agenda em Nova Lima, a “campanha do ódio e do medo da eleição dura”, pedindo esperança e paciência a seus apoiadores. “Se querem tirar o pobre do orçamento brasileiro e colocar os bancos, nós não queremos e não deixaremos. Vamos para a rua combater, conquistar o voto, nunca com ódio e mentira”.   Mesmo com uma adversária “parda” – Marina Silva – na disputa presidencial, Dilma disse acreditar que o Brasil “ainda terá um presidente ou uma presidente negra”, mas reconheceu que existem mais negros no segundo escalão do governo do que no comando dos ministérios. “Tive essa preocupação aumentar o número de ministros negros. Temos que formar negros para ocupar postos de poder. Eu mesma levei muito tempo para chegar aqui. O Brasil ainda vai ter uma presidente negro”. Na ocasião, ela reforçou o orgulho de programas como o Mais Médicos, o ProUni, FIES e Juventude Viva – esse último, para reduzir a violência contra os negros, que ela promete ampliar para todos os Estados. Dilma destacou ainda que é contra a homofobia e a lei de autos da resistência. “Não se pode discriminar uma pessoa pela opção sexual. O Brasil precisa de valores, se não tiver, cria uma cultura de confronto. É preciso criar uma cultura de paz”.   A presidente se apresentou à população de Nova Lima com a camisa do time da cidade, o Vila Nova, dada pelo candidato ao Palácio Tiradentes Fernando Pimentel, para destacar a “mineiridade” de Dilma. O ex-ministro atacou o governo do PSDB em Minas por “não escutar o povo”. “O Brasil não quer abrir mão do Pronuni, do MCMV, Pronatec, Mais Médicos, PAC, da sua política econômica. Dilma, que garantiu emprego a todos, que não olha para o lucro dos banqueiros, mas para o salário do trabalhador. Minas quer uma mudança aqui, pois, há 12 anos, o governo discrimina os mais pobres, não representa o avanço que o Brasil teve com Lula e Dilma, e é por isso que vamos ganhar aqui”, disse Pimentel.   Dilma registrou, em seus cumprimentos aos jovens no ato da Pampulha, a presença de Jefferson Monteiro, que faz o personagem Dilma Bolada. “Ele inventou a selfie”, brincou.   Para Aécio, Dilma tentou aprender a governar   Durante sua passagem por Belo Horizonte, Aécio Neves não poupou críticas a Dilma Rousseff. De acordo com ele, a candidata à reeleição pelo PT não tem condições, sequer morais, de seguir governando o país. “O governo da presidente Dilma perdeu as condições, perdeu a autoridade até moral, de pleitear um segundo mandato”, disse.   Ainda na avaliação do tucano, Dilma tentou aprender a governar enquanto ocupava o cargo, o que é inadmissível. O tucano acusou o PT de ter como marca uma denúncia por semana “e uma mais grave do que a outra. O Brasil não merece viver com sustos como esses. Temos que resgatar o padrão ético da Presidência da República”, disse.   Para ele, a presidente está aprendendo a governar enquanto opera a máquina. “Nós é que temos melhores condições de dar ao Brasil os rumos que o Brasil precisa. A minha determinação é enorme porque eu vejo que o Brasil não pode correr o risco de viver daqui a quatro anos a mesma frustração que está vivendo hoje, com uma presidente da República que resolveu aprender no exercício do cargo”, afirmou.   O ataque do tucano foi em cima de repercussão de reportagem da revista “Veja”, que neste fim de semana divulgou que o PT teria desembolsado R$ 6 milhões para evitar que o nome de integrantes da cúpula do partido não fosse envolvido no escândalo da Petrobras. De acordo com a revista, a legenda estaria sendo chantageada por criminosos que teriam documentos que ligariam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Gilberto Carvalho, coordenador da campanha de Dilma, com as denúncias na estatal petrolífera.   Marina   Em relação à presidenciável Marina Silva, Aécio amenizou o tom. “A candidata Marina não adquiriu as condições de governabilidade para enfrentar as dificuldades que nós teremos pela frente. Nós somos a mudança, segurança, consistente, responsável e corajosa que o Brasil espera e precisa viver”, afirmou.   Mesmo estando em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Aécio evitou falar sobre uma possível e derrota. Voltou a destacar a crise na Petrobras e atacou novamente a presidente Dilma.   “Não existe essa hipótese para nós (de não ir para segundo turno). Vamos para o segundo turno, não sei com quem. E vamos estar porque a mudança somos nós”, afirmou.   Pimenta da Veiga e Fernando Pimentel seguiram candidatos   Os dois principais candidatos ao governo de Minas Gerais – Fernando Pimentel e Pimenta da Veiga –participaram nesse sábado (13) dos compromissos cumpridos pelos candidatos de seus respectivos partidos à Presidência da República. No encontro com a juventude no Parque Ecológico na Pampulha, por exemplo, o candidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, subiu o tom do discurso, com um recado à coligação em torno da candidatura de Pimenta da Veiga (PSDB), aliado de Aécio Neves.   “Eles falavam que iam ganhar com 3 milhões ou 4 milhões de votos a disputa em Minas Gerais. Falavam essa basófia. Nós, caladinhos, mudamos o jogo e estamos às vésperas de uma derrota histórica. Essa alavancada maior, a de Dilma Rousseff. A juventude vai subir ao governo comigo e a rampa do Planalto com Dilma”, disparou.   O evento desse sábado fez parte da “onda vermelha”, comemorada em várias cidades do país pela “arrancada” da petista. Coube à candidata petista dizer que a valorização da educação passa pelo pagamento “justo” aos professores. Ela citou ainda sobre a reforma política, lembrando que já enviou a proposta de plebiscito para o Congresso Nacional e destapu que “unca nenhum governo investigou tanto” quanto durante os últimos 12 anos. “Nós investigamos, doa a quem doer”.   Depois do ato de seu partido na Praça do Papa, Pimenta da Veiga e comitiva seguiram em carreata pela avenida Afonso Pena, em direção à praça Sete, no centro de Belo Horizonte. Aécio disse ter “convicção” de que Pimenta da Veiga e Anastasia vencerão as eleições em Minas Gerais.

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