Em cerimônia tumultuada, a presidente Dilma Rousseff (PT) discursou na manhã desta quinta-feira (17) em ato de posse do ex-presidente Lula no Ministério da Casa Civil. O tom da presidente foi de críticas ao vazamento do grampo telefônico entre Lula e Dilma. "Repudio todas as versões contra esse fato. O teor da conversa foi republicano", discursou.
 
Dilma negou qualquer interferência do governo no andamento da investigação da "Lava Jato", que descobriu o mega esquema de corrupção na Petrobras. "O combate à corrupção é sempre mais forte quando se respeita os preceitos constitucionais", disse Dilma. A fala é uma crítica direta à divulgação da conversa na qual Dilma e Lula foram flagrados falando sobre a nomeação do ex-presidente para o ministério. A presidente criticou o vazamento seletivo de delações. "Não há justiça quando delações são tornadas públicas de forma seletiva".

Logo no início da cerimônia, a fala de Dilma foi interrompida por gritos de "vergonha". Em contraponto, aliados do governo contra-atacaram dizendo que "não vai ter golpe". Sem citar a operação "Lava Jato", a presidente disse que as circunstâncias levaram ela a nomear Lula para o ministério. "Seja bem-vindo ministro Lula", discursou.
 
Segundo Dilma, Lula tem a grandeza dos estadistas, a humildade dos grandes líderes e, por isso, pode ser considerado o maior líder político do país. Investigado na "Lava Jato", Lula está protegido de agora em diante com o chamado foro privilegiado por prerrogativa de função. Dessa forma, caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) a iniciativa de processar ou analisar um eventual pedido de prisão contra o ex-presidente.
 
Lula é investigado por ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. Com a nomeação, o processo contra ele não será mais julgado pelo juiz federal, Sérgio Moro, responsável pela "Lava Jato". "A gritaria dos golpistas não vai me tirar do rumo e deixar o país de joelhos", afirmou Dilma.

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