Aberto para o essencial: com queda de 80% no movimento, Mercado Central desencoraja 'passeio'

Rodrigo Gini
rgini@hojeemdia.com.br [
20/04/2020 às 21:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:19
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

A pandemia de Covid-19 alterou a rotina de um dos principais símbolos de Belo Horizonte. O Mercado Central mantém as portas abertas, mas sem boa parte dos estabelecimentos, que não se enquadram nas atividades essenciais. Lojas de artesanato, ferragens, bares e miscelâneas esperam a revogação do decreto municipal que proíbe seu funcionamento, enquanto restaurantes se viram com entregas. E, fato inédito nos 90 anos de história do centro comercial, o domingo é de fechamento total.

A partir de hoje, o acesso ao interior só será permitido com máscaras de proteção, que estarão à venda inclusive nas portarias, onde será oferecida a higienização das mãos. Um cuidado que se estende a funcionários e lojistas. Fruto de tempos difíceis, o administrador Luiz Carlos Braga faz um pedido surpreendente: “Não é hora de passear no Mercado. É importante que venham apenas as pessoas com intuito de comprar produtos”. Ele estima em 80% a queda do movimento, não só pelas limitações da legislação municipal. “Somos um ponto turístico, as pessoas que visitam BH, de outros estados ou do interior, vêm nos conhecer. Agora tudo isso está parado”. Açougues, lojas de laticínios, empórios e de embalagens são as principais em funcionamento entre as 110 que mantêm as atividades, em horário reduzido (8h às 17h, de segunda a sábado).

A administração suspendeu, por dois meses, a cobrança de condomínio e IPTU, na tentativa de ajudar os lojistas. E o departamento jurídico tem atuado para assessorar a negociação entre locadores e locatários.

Aposta

Quem está aberto aposta em formas de driblar o menor movimento. E cria oportunidades que serão úteis também quando a pandemia ficar para trás. Caso da Mercearia Santo Antônio, que trabalha com temperos, produtos orgânicos e naturais. Depois da preocupação inicial, a ordem foi partir para o delivery. “No primeiro dia em que abrimos, ficamos pensando o que seria com tudo vazio, parado. A gente já tinha a ideia de entrega, mas não tinha saído do papel, e resolvemos começar. Apanhamos um pouco no início, mas fomos para as redes sociais e estamos conseguindo divulgar e, assim, ampliar as vendas. Claro que caiu muito mas, quando tudo voltar ao normal, teremos a chance de alcançar os dois públicos: quem vem ao mercado e quem quer os produtos em casa”, diz o gerente Edmar dos Santos, o Russo.Maurício Vieira / N/A

Mercado Novo: mudanças também atingiram centro de compras vizinho ao Central; na Distribuidora Goitacazes e Cozinha Tupis, pela primeira vez comida e bebida estão sendo oferecidos no delivery

Bom-humor e criatividade para driblar fechamento de bar

Criatividade também no Mercado Novo, que reúne outro tipo de lojas (muitas gráficas e negócios de reparos), além de uma opção cada vez maior de bares e restaurantes descolados. Sem poder receber os clientes para saborear as cervejas artesanais Viela, tira-gostos e pratos, os sócios da Distribuidora Goitacazes e Cozinha Tupis puseram em ação um plano que vinha sendo adiado justamente pelo movimento intenso. E oferecem bebida e comida em casa – até então as cervejas eram vendidas só no local e em outro bar, na Pompeia. 

“A empresa não é tão pequena que possa parar sem grande prejuízo, nem tão grande que tenha estrutura pra superar o momento. A distribuidora existia no nome, mas só. Resolvemos enlatar as cervejas e vendê-las com rótulos bem-humorados (“trago seu bar de volta em 15 dias”, por exemplo), e a saída está sendo muito boa. Além disso vamos criar uma espécie de clube, em que as pessoas compram os cascos, depois só pagam pelo líquido, com entrega em casa. Apostamos no prato para o almoço; nos tira-gostos e nos pratos que oferecemos em nosso cardápio pré-prontos, que a pessoa só finaliza em casa. Não é a hora de pensar em ganhar dinheiro, mas no futuro do negócio, e em quando as pessoas puderem voltar a se sentar no bar”, explica Rafael Quick, um dos sócios.

ALÉM DISSO

Em meio a tantas mobilizações para facilitar a vida de quem está em casa e manter em funcionamento estabelecimentos que não podem receber pessoas durante o isolamento, mais uma chama a atenção. O Consulado da Itália em Belo Horizonte lançou a campanha “Fique em casa e peça uma comidinha italiana”, em parceria com a Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira de Minas. A iniciativa reúne 13 estabelecimentos entre restaurantes, lojas de produtos típicos, sorveterias e até mesmo um delivery de vinhos, na capital e em Montes Claros, oferecendo todo o tipo de delícias típicas. 

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