Aceleramos o BMW M4, quinta geração da linha de cupês esportivos da Bavária

Marcelo Ramos
miramos@hojeemdia.com.br
08/07/2016 às 20:20.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:13
 (BMW/Divulgação)

(BMW/Divulgação)

Lembro, como se fosse hoje, o dia que minha mãe me presenteou com uma caixa de carrinhos de ferro via contrabando paraguaio, no fim dos anos 1980. Na caixa com 12 unidades tinha carrinhos como Opel Omega, VW Golf Cabrio, Ford Escort XR3, Mercedes-Benz 190E e um BMW M3. Daquele dia em diante, o carro que tinha a inicial do meu nome passou a dividir, junto com a menina da quarta série, o panteão platônico de meus pensamentos. A colega sumiu na memória, semanas depois, mas aquele carrinho se tornou uma obsessão. Me provocava em revistas, jornais e videogames. Há poucas semanas resolvemos a questão.

Rebatizado de M4, o cupê arisco da BMW chega à quinta geração mantendo características básicas inalteradas, carroceria três volumes e tração traseira. Baixo me afundei no banco e fixei meus olhos no emblema das hélices ao centro e o “M” na base do volante. “É hoje, seu calhorda!”, disse baixinho.

O M4 não gosta de ser provocado e me mostrou logo no primeiro triscar no acelerador que o ronco áspero era o rosnar de um cachorro irritado. “Não me provoque”, respondia.

Lentamente entrei na pista e recebi o sinal. Dali em diante eram apenas eu e o M4. Foram mais de 25 anos de provocações e descontaria no primeiro pisão no pedal da direita, com se esporasse os rins de um cavalo. A reação foi imediata: o cupê descarregou seus 55 mkgf de torque como se me dissesse: “É isso que você quer, valentão?”

O velocímetro projetado no painel indicava que os 170 km/h já tinham sido superados e que o cone vermelho se aproximava rápido. O pé direito trocou de pedal com a mesma vontade e as enormes pinças cravaram os discos. 

A direção direta levou o nariz do cupê para dentro da curva e no meio dela já esfregava o acelerador cheio de confiança enquanto o painel piscava como uma árvore de Natal. Era o M4 me dizendo o quão bondoso ele era em não permitir que eu rodasse logo na minha primeira curva.

Em seguida, entramos numa sequência de curvas que terminava numa com tangência negativa com uma ladeira. Mais uma vez ele “aliviou” com as luzes do controle de tração e estabilidade.

Purista

No final da primeira volta e com a pista devidamente reconhecida, ouvi pelo rádio que era hora de ativar o modo Sport Plus. Ou seja, puxar a tomada das luzes. Aí tudo mudou. O M4 deixou de ser caridoso, sem Fair Play. 

A direção ficou mais firme, assim como carga dos amortecedores, e me levou rapidamente para o final da reta extraindo seus 431 cv enquanto a transmissão M-DCT de sete velocidades trocava as marchas bem antes que meus dedos chegassem às borboletas. Nas curvas ele não titubeava em jogar a traseira, me fazendo lembrar de meus limites. Depois de algumas voltas, retornamos aos boxes e nos despedimos como dois cavalheiros. Eu, sorrindo como no dia em que ganhei os carrinhos de minha mãe; o M4 me encarava com o mesmo olhar frio de quem tem a certeza de ser indomável.

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