Adaptados e remendados, 'Banheirões' resistem ao tempo na ilha de Fidel

Boris Feldman
boris@hojeemdia.com.br
26/03/2016 às 14:58.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:39
 (Boris Feldman)

(Boris Feldman)

HAVANA (Cuba) – É indiscutível o talento dos mecânicos cubanos, pois conseguem manter rodando verdadeiras sucatas sobre rodas. São cerca de 50 mil “banheirões” norte-americanos, todos fabricados até o início da década de 1960, quando os EUA cortaram relações diplomáticas e decretaram o embargo econômico ao país.

Além deles, o que se vê hoje em Cuba são principalmente dois modelos compactos russos, o Lada e o Moskvitch. E alguns franceses, italianos e asiáticos, principalmente Kia e Hyundai. Ônibus e caminhões modernos são chineses.

Embora o país tenha aberto, há três anos, a possibilidade do livre comércio de automóveis, sua importação e exportação não tem volume significativo. A baixa renda da população impede o acesso aos automóveis importados e, embora várias fábricas estejam de olho neste mercado, há dificuldades burocráticas e falta infra-estrutura para o pós-venda (assistência técnica).

E seu preço é muito elevado pois se paga impostos “Padrão Brasil”: um compacto importado não sai por menos que US$ 25 mil. Um Mercedes não chega lá por menos que US$ 100mil.

Por outro lado, exportar os antigos é também quase impossível: os empecilhos do governo, o preço e o estado miserável de quase todos os carros não anima os colecionadores...

As fotos e vídeos dos automóveis que rodam em Cuba não revelam seu estado real de conservação e desanimam o colecionador, pois são muito raros os que mantem a originalidade.

Os carros utilizados como táxis já tiveram a mecânica completamente alterada: motores a gasolina foram substituídos pelo diesel, mais barato e de menor consumo.

A maioria roda com motor e câmbio Mercedes ou Mitsubishi. A quase totalidade dos conversíveis não saiu assim da linha de montagem: tiveram seu teto cortado e adaptado um tosco sistema para encaixar a capota de lona.

Suspensão e freios são também adaptados na maioria deles. E, finalmente, seu preço é elevadíssimo, pelos padrões internacionais: um sedã de quatro portas norte-americano da década de 1950 (Chevrolet, Ford, Buick, Oldsmobile) vale em média US$ 20 mil dólares, muito mais que um modelo similar nos EUA, completamente original!

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