Advogado de delator da Chacina de Unaí pede o desmembramento do processo

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
21/10/2015 às 06:59.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:09
 (Marcelo Albert)

(Marcelo Albert)

O advogado do delator Hugo Alves Pimenta, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como um dos intermediários da Chacina de Unaí, pediu o desmembramento do processo. O júri popular está marcado para começar na quinta-feira ( 22), no auditório da Justiça Federal em Belo Horizonte.

É a primeira manobra no processo divulgada até o momento. A petição já foi protocolada e será analisada pelo juiz federal Murilo Fernandes de Almeida instantes antes do início do julgamento.

Segundo o criminalista Lúcio Adolfo, a estratégia visa garantir ampla defesa a Hugo Pimenta. E evitar que ele seja julgado com os outros acusados na condição de réu e de delator ao mesmo tempo. “Não é interessante para o meu cliente, neste momento, ser julgado junto com os outros réus”, explicou Adolfo, em entrevista ao Hoje em Dia.

Até agora, além de Pimenta, estão previstos os julgamentos de José Alberto de Castro, citado como o segundo intermediário, e do fazendeiro Norberto Mânica, acusado de ser mandante.

Foro privilegiado

Já o processo contra o ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, suspeito de ser o outro mandante, já havia sido desmembrado anteriormente por conta do foro privilegiado por prerrogativa de função do cargo exercido entre 2004 e 2012.

Se o pedido de desmembramento for deferido, serão julgados nesta quinta-feira Norberto e José de Alberto. Hugo e Antério sentarão no banco dos réus em separado.

Em 2007, três anos após o assassinato dos quatro servidores do Ministério do Trabalho, Hugo Pimenta procurou o MPF para fazer um acordo de delação premiada. Em troca de redução de até dois terços da pena, topou contar tudo o que sabe sobre a dinâmica da chacina.

Segundo Lúcio Adolfo, Hugo Pimenta vai honrar o acordo de delação costurado com a procuradora da República Mirian Moreira Lima. “Ele vai confirmar tudo que foi dito no acordo com o Ministério Público Federal. Aliás, o depoimento dele na delação premiada foi gravado”, garantiu.

O defensor, no entanto, deixa claro que as tratativas da delação foram negociadas pelo antigo advogado de Hugo Pimenta.

Sobre uma suposta gravação feita por Pimenta na qual Norberto confessaria ser o mandante do crime, o advogado desconversa. “Já ouvi falar nisso”, resumiu.

Durante o julgamento dos pistoleiros, em agosto de 2013, Pimenta foi interrogado na condição de informante, quando declarou possuir a tal gravação.

O advogado de Norberto, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, dúvida da versão e prometeu abandonar o caso se o áudio for apresentado no tribunal.

Os quatro réus são acusados de homicídio qualificado. As penas podem superar 30 anos de cadeia. O caso se arrasta há quase 12 anos sem um desfecho.

Para entender

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira caíram em uma emboscada na área rural de Unaí, no Norte de Minas, a 160 Km de Brasília.

Foram mortos com tiros à queima-roupa no rosto e na cabeça. Desde então, os familiares deles lutam por Justiça e contra os sucessivos recursos apresentados pelos advogados defesa.

Em um dos embates, o MPF recorreu para que o julgamento fosse realizado em BH, e não em Unaí.
 

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