Alphaville espanta o baixo astral

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
02/11/2015 às 07:30.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:18
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Foi em meio à crise que um grupo de 80 lojistas do Alphaville Centro Comercial, às margens da Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, decidiu arregaçar as mangas e se unir para encontrar soluções, espantar o baixo astral e promover mudanças para atrair a clientela.

O primeiro passo para driblar a turbulência foi realizar uma pesquisa com moradores do condomínio, onde vivem quase 3,5 mil pessoas, para levantar demandas e sugestões. Também foi dada voz aos vizinhos do complexo. Na sequência, os comerciantes apostaram no reposicionamento da marca, com a mudança do nome de mall para centro comercial e a criação de um novo logotipo.

Um site foi criado e a conta no facebook, remodelada, assim como o estilo de se comunicar com o consumidor. Com o apoio do Sebrae, os lojistas passaram por um curso de capacitação. Placas de sinalização foram instaladas para dar ao espaço a “roupagem” de comércio e facilitar o vaivém de clientes.

“Pela pesquisa, descobrimos que quem não mora aqui achava que o local era a entrada para o condomínio e nem cogitava entrar. Fizemos um trabalho de divulgação e já sentimos o aumento da presença e trânsito de pessoas”, diz o empresário Roberto Menta, que abriu a padaria Boulangerie em 2008.

Com 30 anos de experiência no comércio, incluindo uma sociedade na legendária HI-FI, famosa lojas de discos que marcou época no BH Shopping, o roqueiro Menta comemora o aumento de 20% nas vendas.
“Estamos crescendo numa época que está todo mundo minguando. Começamos com sete funcionários e hoje são 14”, diz.
 
Contra a maré

Nos finais de semana, quando o Alphaville recebe turistas e praticantes de esportes radicais, é preciso adicionar fermento na produção de pães artesanais, bolos, tortas e sanduíches. “Enquanto em outros lugares lojas estão fechando, aqui estamos abrindo. Estamos contra a maré”, comemora.

Em outubro, abriram as portas uma pizzaria e uma loja de artesanato. Para este mês, está prevista a chegada de um restaurante japonês, uma esmalteria, um café com livraria, uma loja de produtos naturais e uma lavanderia.

Moradora do condomínio e dona há mais de 7 anos da Paper Ville, Juliana Pedrosa França acaba de alugar a loja ao lado da sua. Com a expansão, começou a vender brinquedos, além de artigos de papelaria, livros, utensílios para a casa e presentes.

“Percebi que havia uma dificuldade de achar brinquedos e presentes para as crianças e resolvi apostar”, afirma ela, que faz questão de atender no balcão e conhecer os clientes pelo nome.

A amizade e a proximidade são os diferenciais”, diz.

 

EXPERIÊNCIA – Roberto Menta, da Boulangerie: passado roqueiro na histórica HI-FI (Foto: Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Bairro faz boa mistura de roça e cidade grande
 
Acordar com tucanos em frente à janela ou ver um tamanduá atravessar a rua sem pressa. Foram esses os principais atrativos que levaram o engenheiro Rolf Vollmer e a família a trocar a vida agitada de São Paulo pelo Alphaville Lagoa dos Ingleses. E há oito meses, o filho de alemães resolveu inovar mais uma vez: largou a engenharia para abrir o Danke Pub no centro comercial instalado no condomínio.

“Por falta de planejamento, o local ficou à deriva e criou-se uma descrença. Hoje vivemos um resgate dos moradores e a atração do público de fora”, diz.

De segunda a sexta, a casa serve pratos executivos por R$ 16,50. São entre 75 e 80 refeições por dia. Às sextas e sábados à noite, as estrelas são petiscos e pratos especiais como o Spätzle com Goulash (massa curta alemã com molho encorpado de carne bovina) ou costelinha na goiabada com cachaça. Para beber, cervejas artesanais e importadas.

“Sempre gostamos desse clima meio cidade, meio roça. E quanto mais gente vier, melhor o movimento pra todo mundo”, afirma Vollmer, que espera o retorno do investimento em um ano.

Morador do Alphaville há 14 anos, o advogado Thomaz Mattos Paiva mudou de escritório em 2013. Trocou as instalações no Seis Pistas por uma sala no centro comercial do condomínio.

“Levo dois minutos e meio para chegar ao trabalho e só ando a pé ou de lambreta”, brinca.

União

Para ele, a união dos lojistas e prestadores de serviços foi fundamental para o fortalecimento do comércio do bairro e região.
Um dos primeiros a chegar ao Alphaville, Luis Alberto de Oliveira Sá, da Cândido de Sá Imóveis, diz que o momento atual é um divisor de águas na história do centro comercial.

“É um renascimento, uma recuperação da autoestima”, diz. E os negócios nunca estiveram tão bons para ele. “Com o custo exorbitante para alugar uma loja em BH, muita gente tem nos procurado. Aqui, o aluguel sai por cerca de R$ 1 mil mais R$ 1 mil de condomínio. É um preço muito atrativo”, compara o empresário.

100 mil reais, aproximadamente, foram investidos nas ações de reformulação do Alphaville Centro Comercial

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