Alta de preços em supermercados e sacolões de BH chega a 200%

Rafaela Matias
27/02/2019 às 19:30.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:45
 (FLÁVIO TAVARES)

(FLÁVIO TAVARES)

Basta dar uma voltinha pelas gôndolas dos supermercados e sacolões de Belo Horizonte para perceber que os preços de alguns produtos simplesmente dispararam. Um dos casos mais graves é o do feijão carioquinha, que já passa de R$ 10 o quilo. Hortaliças e frutas também tiveram aumento de até 200% nos últimos dois meses, segundo pesquisa do site Mercado Mineiro.

Os motivos da alta, apontados pela Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), são a crise econômica, que obrigou produtores a reduzirem as áreas de plantio, a tragédia de Brumadinho, que afetou parte do cinturão verde que abastece a capital, e as mudanças climáticas, que causou um dos verões mais quentes e secos das últimas décadas.

“As altas temperaturas e a falta de chuva provocaram quebra de safra e alteraram a qualidade de hortaliças e folhosos”, afirma Aline Veloso, coordenadora da assessoria técnica da Faemg. Segundo ela, o rompimento da barragem em Brumadinho interferiu na produção e no escoamento. “Alguns fornecedores foram atingidos pela lama, e outros tiveram dificuldades de levar produtos até a Ceasa, por causa do fechamento de estradas”.

Feijão

No caso do feijão, a principal vilã foi a crise econômica. De acordo com a Faemg, o preço de venda não estava compensando os custos da produção e, por isso, houve queda de 8,8% no plantio da safra atual. Com a oferta menor, a tendência é de aumento nos valores cobrados.

Pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que o preço do grão subiu 28,77% de dezembro para janeiro. Em relação ao primeiro mês do ano passado, a variação foi 51,84%. 

Como ele é um dos principais componentes da cesta básica, contribuiu para que o valor dela chegasse a R$ 405,40 em Belo Horizonte no mês de janeiro, o equivalente a 44,15% do salário mínimo líquido. 

Consumidor

Quem fica com o prejuízo é o consumidor. “São alimentos básicos na mesa dos brasileiros. Se a gente não puder comer isso, vai comer o quê?”, questiona a aposentada Denize Mendonça, de 60 anos. Ela precisou fazer substituições para conseguir fechar a conta. “Estou optando pelas marcas mais baratas, mesmo de qualidade inferior”, diz.

Maria Rita Cavalieri, de 73 anos, ainda não precisou fazer cortes, mas já pensa em um “plano B” para reduzir o custo de vida. “Assim que acabar meu contrato de aluguel, vou morar na roça. Lá a gente produz o que come e tudo é mais barato”, afirma.

Proprietário do Sacolão das Mineiras, no bairro Salgado Filho, Paulo Inácio precisou absorver parte do prejuízo para não espantar a clientela. “Se repassar o aumento todo, o cliente fica sem condições de comprar”, diz o comerciante.

Substituição de produtos é alternativa

Para evitar que os gastos com supermercado e sacolão deixem as contas do consumidor no vermelho, a economista Mafalda Ruivo Valente, professora de economia da faculdade Promove, diz que o ideal é reduzir o custo, optando por marcas mais baratas e versões a granel. “Elas costumam ter um preço melhor e, no caso das versões a granel, é possível comprar um pouquinho de cada vez, diluindo as contas”, afirma a professora, que taque também sugere evitar os industrializados e optar por ingredientes in natura.

“No lugar do extrato de tomate, por exemplo, escolha o tomate puro. São pequenas substituições que ajudam a aliviar o bolso”, ensina. Marcas próprias dos supermercados também costumam ter valores mais acessíveis.

Outra opção é tirar o valor destinado a outras partes do orçamento familiar, conforme a demanda de cada casa. “As pessoas precisam identificar o que é prioridade e se há algo que possa ser cortado, para destinar o recurso à alimentação enquanto os valores não voltam ao normal”, orienta. 

Para Aline Veloso, outra alternativa é dar preferência para os produtos da época, que tendem a ter o preço mais acessível. 
“Neste mês, algumas opções são batata doce, abobrinha e milho”, diz ela, que também recomenda pesquisar bastante e aproveitar os tradicionais dias de promoção.

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