Alta do gás de cozinha afeta mais as famílias de baixa renda

Tatiana Moraes
07/05/2019 às 22:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:33
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

O aumento de até 3,6% nas refinarias do gás de cozinha caiu como uma bomba para o consumidor de baixa e média renda e, também, para quem trabalha com a venda de refeições. Com o preço do combustível batendo na casa dos R$ 90, o jeito é gastar sola de sapato e pesquisar. Pedir descontos também é uma boa dica. O gás subiu 4,5% em 2019 e 38% desde setembro de 2017. No mesmo período, o salário mínimo aumentou 6,51%.

O anúncio do reajuste feito pela Petrobras na última sexta-feira (3) e começou a vigorar no domingo. Na segunda-feira (6), várias revendedoras já abriram as portas com o valor mais alto. No Estoril, na região Oeste de Belo Horizonte, o combustível chegou a R$ 90 para entregar. Segundo a atendente, o valor antes do reajuste era R$ 88. 

Para a semana das mães, no entanto, o depósito dá R$ 10 de desconto para quem efetuar o pedido. “Mas o preço volta aos R$ 90 na segunda”, alerta a pessoa que atende ao telefone. No Santa Efigênia, região Leste da capital, o combustível ainda não sofreu reajuste, mas já bateu a casa dos R$ 85. O mesmo acontece no Santa Lúcia, na região Centro-Sul. 

Revendedoras

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito (Asmirg-BR), Alexandre José Borjaili, o impacto para o consumidor é reflexo do aumento do combustível nas distribuidoras, que aplicam o índice antes de o botijão ser repassado às revendedoras. “O aumento é na refinaria, mas as distribuidoras aumentam também”, critica. E o consumidor sai perdendo.

“Quem tem ‘parceiro’ assim não precisa de concorrente, o aumento na Petrobras de R$ 0,87, no mínimo, dobra de valor dependendo do preço de compra do revendedor”, diz nota enviada pela entidade.

Baixa renda

Na avaliação do professor de Economia da PucMinas, Pedro Paulo Pettersen, o reajuste afeta principalmente as pessoas de baixa renda. O motivo é a peso do gás de cozinha na renda dessas pessoas. Afinal, o gás a R$ 90 representa quase 10% de quem ganha um salário mínimo, de R$ 998.

“O reajuste do salário mínimo ficou muito aquém do gás de cozinha. E o salário mínimo é o principal balizador das pessoas de menor renda”, afirma Pettersen. O fato de essas pessoas cozinharem mais em casa aumenta ainda mais o peso do combustível na renda dessas famílias.

Ele destaca que o impacto para quem usa o gás com abundância é alto. Principalmente se levarmos em consideração o reajuste de 38% desde 2017. Em setembro daquele ano, o GLP nas refinarias custava R$ 18,98, saltando para R$ 26,20 no último dia 3.

Quem trabalha com refeições ou se alimenta fora de casa também pode ser afetado. A proprietária do Nossa Esquina Mercearia, Laura Mendes, utiliza o botijão de 13 kg no estabelecimento. Até agora, ela tem conseguido encontrar bons preços. Do contrário, será necessário repassar a alta para as refeições. “Quando o feijão aumentou, tivemos que fazer um leve reajuste e perdemos clientes. Estamos fazendo o possível para segurar os preços do gás”, diz.

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