Após um 2020 nas alturas, dólar recua 13,82% desde março e pode chegar a R$ 4,80 em julho

Andre Vieira
andre.vieira@hojeemdia.com.br
11/06/2021 às 08:14.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:09
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

A ligeira alta do dólar nos dois últimos dias, após uma queda praticamente ininterrupta desde 1º de junho, não abala o otimismo de especialistas que preveem o câmbio a R$ 4,80 já no mês que vem. Este ano, a maior cotação foi R$ 5,8755, em 8 de março. De lá para cá, o dólar recuou 13,82%, fechando ontem a R$ 5,0630 – um panorama bastante diferente do registrado em 2020, quando a moeda norte-americana subiu 40% frente ao Real, em meio à crise econômica causada pela pandemia.

A desvalorização do dólar é resultado de múltiplos fatores. No plano externo, pesou uma enxurrada de recursos no mercado internacional – em especial oriundos da China e dos Estados Unidos – e o aumento das exportações brasileiras, devido à retomada econômica mundial e à elevação dos preços das commodities, em especial as ligadas ao setor agrícola e de mineração. 

No cenário interno, o aumento sistemático da taxa básica de juros (Selic) favorece a incursão de dólares de investidores estrangeiros, atraídos pelas possibilidades de ganhos maiores. A reação favorável da economia nacional, com o avanço da vacinação contra a Covid e a flexibilização das regras para funcionamento do comércio, também influenciou na queda do dólar. 

Segundo Gustavo Andrade, economista do Ibmec, o possível aumento da arrecadação do governo e a projeção de uma dívida pública menor do que a prevista para o início do ano são fatores que acentuam a tendência de queda do dólar.

“As condições estão ajustando o valor do dólar frente ao Real em um patamar mais justo. Com o provável aumento da taxa Selic, a diminuição vai se estender”, diz Andrade. 

Inflação

Mesmo chegando a uma cotação mais justa, a diminuição do dólar não deve ter impacto na inflação a curto prazo. Para Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos, é preciso uma retomada mais consistente da economia e uma eficácia fiscal maior do governo para garantir um impacto real da queda do câmbio na alta de preços. 

“O primeiro impacto será sentido no custo de produção e somente daí vai ao consumidor final. Então é preciso que esta queda do câmbio permaneça por mais tempo para, assim, desencadear um efeito mais amplo”, explica.

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