Após chacina, polícia inicia ocupação da favela da Chatuba

Antonio Pita e Heloisa Aruth Sturm
11/09/2012 às 20:21.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:12

Em resposta à execução de pelo menos oito pessoas no último fim de semana no município de Mesquita, na Baixada Fluminense, a Polícia Militar iniciou na madrugada desta terça-feira (11) a ocupação permanente da favela da Chatuba, área dominada pelo tráfico. Até o início da noite, 16 pessoas foram presas e dois menores, apreendidos - mas nenhum deles tem relação com as mortes, segundo a própria polícia. Os seis jovens assassinados foram sepultados em clima de comoção e revolta em um cemitério de Nilópolis, cidade vizinha onde eles moravam.

Desde a madrugada desta terça-feira, 250 policiais, dentre eles oficiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque, ocuparam a região onde aconteceram os crimes. No local, a Secretaria de Segurança determinou a implantação em caráter emergencial de uma Companhia Destacada da Polícia Militar, com 112 homens - trata-se de força policial de caráter permanente, com foco no policiamento ostensivo, modelo diferente daquele adotado desde o fim de 2008 em favelas da capital, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Durante todo o dia, policiais fizeram incursões pela favela em buscas dos assassinos e de traficantes. Foram encontrados cinco acampamentos numa região de mata fechada no alto do morro, onde foram apreendidos um gerador de alta capacidade e um fuzil de fabricação alemã. Também foram apreendidos cadernos de anotação da contabilidade do tráfico, drogas, munições, dois revólveres, granadas e R$ 27 mil em espécie.

Investigações

O delegado Júlio da Silva Filho, responsável pelo inquérito, confirmou que nenhuma das prisões efetuadas até o momento tem relação com a chacina. Na tarde de sábado, Christian Vieira, de 19 anos, Victor Hugo Costa, Douglas Ribeiro e Glauber Siqueira, de 17, Josias Searles e Patrick Machado, de 16, saíram de casa para um festival de pipas e uma cachoeira no Parque Natural de Gericinó, a quatro quilômetros da rua onde moravam, quando desapareceram.

A polícia investiga se há mais vítimas do mesmo grupo. O jovem José Aldecir da Silva Júnior está desaparecido desde a manhã de sábado. O pai do rapaz, José Aldecir da Silva, de 49 anos, disse que ouviu relatos de que o filho estaria andando na beira do rio no Parque Natural de Gericinó quando foi capturado por cerca de 20 homens. O garoto estaria acompanhando o pastor evangélico Alexandro Lima, a sétima vítima até agora identificada.

A oitava morte registrada em Mesquita foi do cadete da Polícia Militar Jorge Augusto de Souza Alves Júnior, de 34 anos. Ele foi encontrado com marcas de tiros e tortura no porta-malas do seu Fox, na manhã de sábado.
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