Após delação, Cemig suspende emissão de títulos

Tatiana Moraes
Hoje em Dia - Belo Horizonte
23/05/2017 às 10:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:40

Afetada pelas bruscas oscilações do dólar e pela cautela dos investidores estrangeiros em relação às empresas nacionais, tendo em vista a crise desencadeada pelas delações do grupo JBS, na semana passada, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) suspendeu a emissão de US$ 1 bilhão em eurobonds (debêntures comercializadas no exterior), anunciadas no início do mês. 

Os títulos poderiam ser resgatados em sete anos e o dinheiro captado seria utilizado para rolar parte da dívida de R$ 13,1 bilhões que a estatal tem com o mercado para ser paga até 2024. Para tampar o rombo e engordar o caixa, a concessionária tenta agilizar o processo de comercialização de subsidiárias.

Estão à venda empresas que não fazem parte do core business da Cemig, ou seja, aquelas que não estão diretamente ligadas ao negócio da empresa: transmissão, distribuição e geração. Companhias que não têm a Cemig como sócia majoritária também estão na mira. Entre elas, Gasmig, Cemig Telecom e a participação de 18% na usina de Santo Antônio.

“O país está em polvorosa, a situação é crítica”, lamentou o presidente da empresa, Bernardo Alvarenga durante solenidade em comemoração aos 65 anos da estatal, ontem. “Teremos que aguardar um pouco. Paramos com a operação, temporariamente, esperando uma solução para o país. O dólar deu uma explodida e as ações caíram demais. Então, temos que aguardar”, completou. Entre 24 de abril e 22 de maio a moeda norte-americana valorizou 5,1%, saltando de R$ 3,1251 para R$ 3,2863.


Já as ações da Cemig tiveram queda acentuada com as delações da JBS. Na última quinta, os papéis da energética chegaram a despencar 42% durante o dia com a citação de Frederico Pacheco Medeiros, o Fred, nas delações. Ele foi diretor de Gestão Empresarial da Cemig até 2015 e citado por Joesley Batista como o responsável por pegar R$ 2 milhões em propina a mando do senador Aécio Neves (PSDB). 

Eurobonds
Representantes da Cemig chegaram a viajar a Boston, Londres e outras cidades pelo mundo para apresentar o plano de captação de recursos ao mercado financeiro no início do ano. Em entrevista na semana passada, o superintendente de Relacionamento com Investidores, Adézio Lima, afirmou que a aceitação dos eurobonds pelo mercado era alta e que os investidores estavam animados com o plano. 

A dívida da concessionária para 2017 é de R$ 4,8 bilhões e tem custo real de 8,40% ao ano, a taxa mais alta dos últimos tempos. Hoje, a maior parte da dívida da Cemig (72%) está atrelada ao CDI. Outros 26% estão vinculados ao IPCA. Para não sofrer os efeitos da volatilidade do dólar, a Cemig pretendia fazer uma operação defensiva. 

Usinas
Segundo o presidente da Cemig, a batalha da estatal com a União pelas usinas de Jaguara, Miranda e São Simão provavelmente seguirá na Justiça mesmo em caso de renúncia ou impeachment de Michel Temer (PMDB). “Independentemente de (o presidente) ficar ou não, teremos que tomar todas as providências pra tentar resolver a questão das usinas”, garantiu. Juntas, elas respondem por 40% da geração da estatal.

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