Arraiá de Belô deve movimentar R$ 4,5 milhões, mas bairros também lucram com São João

Paulo Henrique Lobato
07/06/2019 às 20:06.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:01
 (Riva Moreira )

(Riva Moreira )

Assim como o Carnaval em Belo Horizonte ressurgiu das cinzas, no início desta década, e garantiu à cidade o status de um dos principais destinos turísticos na folia momesca, o São João na capital mineira dá sinais de que seguirá a mesma toada para se transformar num importante fermento para a economia do município.

Só o Arraiá de Belô, na praça da Estação, movimentará boa cifra. Em 2017, a receita chegou a R$ 1,68 milhão. Em 2018, subiu para R$ 2,74 milhões. Se o percentual de aumento (63%) se repetir, o valor será em torno de R$ 4,5 milhões.

Mas a novidade é que muitos bairros, a exemplo do que ocorreu com os blocos de Carnaval, agora se organizam para as festas juninas. Eles recebem o apoio dos blocos: agremiações que arrastam multidão durante a folia momesca vão se apresentar, neste mês, como típicas quadrilhas. 

É o caso do Bloco do Padreco, no Padre Eustáquio, onde o comércio local já comemora os ensaios da quadrilha, na praça Geraldo Torres, rodeada por bares, padaria, pizzaria, sorveteria e outros.

“Com o processo do retorno do Carnaval em Belo Horizonte, a população começa a ter vontade de fazer outras coisas. O Carnaval de BH ressurgiu, recuperou o evento. A festa junina está sendo retomada (nos bairros) e a economia será beneficiada. Todos lucram: ambulantes, o comércio formal...”, avaliou o artista Lourival Munish, diretor do Bloco do Padreco e, agora, responsável pelo ensaio da quadrilha.

Perto de lá, no bairro Caiçara, a festa junina também movimenta boa renda. A terceira edição do evento, na avenida do Canal, deverá receber mais de 2 mil pessoas, segundo acredita Adaisson Oscar Ferreira, um dos organizadores.

“Em 2017, a festa junina atraiu em torno de mil pessoas. Em 2018, 1,5 mil. Está crescendo e ajudando a economia da região. Não só por causa das 20 barraquinhas, mas também em razão dos serviços contratados para o evento, como eletricistas e seguranças”, comemora Ferreira.

Um dos atrativos do arraiá no Caiçara será a quadrilha Milho Verde, que no último fim de semana, conquistou o primeiro lugar num concurso em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

O grupo reúne 45 integrantes e tem como berço o bairro Suzana, na região da Pampulha. É lá que eles ensaiam e bolam os coloridos figurinos, ajudando a incrementar vendas em lojas de fantasias e artigos juninos.

“Vários bairros de Belô já têm o próprio São João. Muitas quadrilhas estão ‘profissionalizadas’”, disse Luciana Cristina de Jesus, uma das diretoras da Milho Verde.

Subvenção

De olho na importância da festa junina para o turismo e a economia da capital, a prefeitura publicou um decreto, em maio, antecipando o pagamento de auxílio financeiro às quadrilhas que vão participar do concurso do Arraiá de Belô.

Segundo a Belotur, “todos os grupos inscritos para a participação no concurso, tanto do grupo especial, quanto do grupo de acesso, recebem da prefeitura uma subvenção de R$ 13,5 mil, fora a premiação das vencedoras”. 

Lojas de fantasias

A expectativa sobre o crescimento da festa junina em Belo Horizonte ainda não possibilitou números oficiais ao poder público em 2019, mas o comércio já festeja o São João, considerado para alguns segmentos, como o de lojas de fantasias, uma espécie de Natal fora de época.

A empresária Camila Burgarelli, dona da Trelelê Fantasias, no bairro Padre Eustáquio, região Noroeste da capital, destaca que a proliferação das festas em bairros anima o setor, ainda mais que, neste ano, o São João não irá dividir a atenção da população com outros eventos como a eleição ou a Copa do Mundo de futebol.

“Assim como o Carnaval ressurgiu em Belo Horizonte, as festas juninas também estão voltando. E a expectativa de bons negócios é grande. Este ano será melhor para o nosso ramo em razão de não ter eleição e nem Copa do Mundo ”, analisou Camila.

Ela conta que algumas escolas que abriram mão da festa junina em anos anteriores irão realizar o São João em 2019, o que também incrementa os negócios. “Além das festas juninas nas escolas, há os eventos em empresas particulares, que realmente estão ressurgindo, e bem. Aqui, no Padre Eustáquio, por exemplo, vai ter um São João na praça (Geraldo Torres)”, acrescentou a empresária.

O evento será em 29 de junho, mas o comércio no entorno já está se dando bem, pois a quadrilha iniciou os ensaios no último fim de semana. Para muitos consumidores, ensaio de quadrilha é tão alegre quanto o de blocos de Carnaval. Em outras palavras, sinônimo de gastança boa com comidas e bebidas.

Culinária 

Por falar em comes e bebes, outro setor que prevê lucro bom na festa junina é o de bar e restaurantes. Tanto que o Arraiá de Belô, tido como a vitrine da festança em Belo Horizonte, irá realizar a segunda edição do Circuito Gastronômico, com pratos típicos da culinária junina.

Ao todo, 21 estabelecimentos vão participar do circuito, organizado em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), e vão oferecer os pratos de 15 de junho a 15 de julho.

De olho nas boas expectativas, a prefeitura trabalha para divulgar ainda mais a festa junina. De 7 de junho a 7 de julho, no período oficial do São João na capital, um ônibus estará rodando a cidade para blitzes juninas. A ação é realizada em parceria com a Comissão Junina Mineira. Na prática, o coletivo irá transportar quadrilhas que se apresentarão no Arraiá de Belô para apresentações em eventos e pontos turísticos.

Para abrir oficialmente as festividades, hoje, um cortejo com várias carroças enfeitadas fará um percurso do Parque Municipal à Praça da Estação, onde ocorre o Arraiá de Belô.

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