Arrocho da economia não é suficiente para desestimular empreendedores

Raul Mariano - Hoje em Dia
09/02/2015 às 08:20.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:57
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

O mau desempenho econômico e a baixa expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 não estão sendo suficientes para desacreditar aqueles que querem empreender no Brasil. A formalização de novos negócios é crescente e, na avaliação de especialistas, deve aumentar nos próximos anos.   Dados da Secretaria da Receita Federal (SRF) apontam que novos registros no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) bateram recorde de 2010 a 2012, quando chegaram à marca de dois milhões.   Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta que – dentre as atividades formalizadas até 2012 – as que tiveram maior potencial de crescimento tendem a continuar em expansão em 2015.   A atividade de fornecimento de alimentos preparados, principalmente para consumo domiciliar, por exemplo, teve taxa média de crescimento anual de 98% de 2009 a 2012. Neste último ano chegou a 20.350 novos CNPJs registrados.   Para as projeções de 2015 feitas pelo Sebrae, a atividade lidera o ranking de segmentos promissores. Um dos motivos é a própria natureza do negócio (alimentos) que atende a uma necessidade básica da população e continua crescendo mesmo em períodos de baixa expansão do PIB.   A cozinheira Vera Lúcia Silva percebeu a oportunidade de comercializar marmitex em 2012. O negócio começou pequeno, mas o aumento gradativo da demanda levou a micro empresária a investir R$ 12 mil na construção de uma cozinha maior e na aquisição de equipamentos como freezer, fogão e exaustor industriais.   Expansão   Hoje, ela tem uma demanda média de 60 entregas por dia e atende tanto pessoas físicas quanto empresas como escritórios de advocacia e corretora de imóveis. No entanto, como a concorrência é forte, alerta que é preciso criar diferenciais para se manter nesse nicho.   “Além de oferecer pratos típicos mineiros, sempre estamos observando as demandas do mercado. Hoje, além do marmitex tradicional, oferecemos um “cardápio fitness”, com arroz integral, carnes magras e vegetais seguindo orientações do nutricionista do cliente”, comenta Vera.   O setor de obras de reparação também tende a se fortalecer ao longo de 2015. E profissionais do ramo garantem que o ano já começou a todo vapor. O empresário Rafael Menezes, do Handyman Service, comenta que a equipe atende demandas comerciais e até industriais para todos os tipos de manutenção.   “Temos 12 homens trabalhando. São seis duplas fazendo serviços em todas as regiões da cidade. Cada equipe atende, em média, cinco ou seis chamados por dia, incluindo fins de semana. Fazemos consertos elétricos, hidráulicos, além da parte de pintura e alvenaria”, comenta.   Conservação   O momento de baixa expectativa de crescimento econômico acaba aquecendo o setor de reparos e manutenções. De acordo com o estudo do Sebrae, nos momentos em que a economia vai mal, as famílias tendem a priorizar a manutenção dos bens duráveis em vez de trocá-los.   Profissionais da área de informática, especializados na manutenção de computadores e equipamentos ligados à área, garantem que a procura tem se mantido grande. É o caso do analista de suporte Igor Correa de Araújo, que se especializou na área de segurança de redes.   “Toda semana tenho demandas variadas. Desde reparos básicos como o backup ou a retirada de algum vírus de um computador doméstico, até a realização de cabeamentos, configuração de servidores e redes wireless. Se o profissional se qualificar e buscar as certificações necessárias é possível ter um excelente retorno trabalhando como autônomo”, comenta.   Mercado favorável não é garantia de sucesso   Os indicativos de que o mercado estará positivo para uma determinada atividade profissional não são garantia de que todos os empreendimentos alcançarão sucesso. É essa a principal orientação da analista de atendimento do Sebrae, Daniela Almeida Toccafondo.   Ela explica que, antes de fazer apostas, o empreendedor precisa analisar se o negócio no qual que ele vai atuar tem “aderência” com o contexto da região. Além disso, as características pessoais do empreendedor precisam ter ligação com o ramo em que ele pretende empreender.   “Como o contexto já não é fácil, a pessoa precisa ter paixão pelo que faz”, destaca Daniela.

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