Arroz e feijão mais caros, após alta no preço dos combustíveis

Tatiana Moraes
Hoje em Dia - Belo Horizonte
25/07/2017 às 09:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:44
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

O efeito cascata provocado pelo reajuste dos combustíveis, anunciado pelo governo federal na semana passada, cairá como uma bomba sobre a mesa do brasileiro. A previsão é a de que o frete registre aumento entre 3,5% e 4%, refletindo diretamente em alta de 1,5% na cesta básica, conforme levantamento da Associação dos Atacadistas Distribuidores do Estado de Minas Gerais (Ademig). “Os alimentos no geral serão afetados. A cesta básica, no entanto, sofrerá mais impacto”, afirma o diretor da Ademig, Joselton Pires.

O preço do arroz com feijão ficará mais salgado porque o peso do frete nos produtos que compõem a cesta é maior. Ou seja, tem mais representatividade na composição do preço do produto. O argumento é o mesmo para outros itens de menor valor agregado. 

“Nos produtos de maior valor agregado o impacto é menor porque o peso do frete é pequeno. Além disso, a margem de lucro dos produtos alimentícios, em especial da cesta básica, é pequena. Por isso, fica difícil absorver a alta”, justifica o representante da Ademig.

E é a população de baixa renda quem sofrerá mais com a medida. Como eles têm menos recursos, e estes recursos são destinados prioritariamente à alimentação, é esperado que o reajuste na cesta básica reduza, inclusive, a qualidade de vida do consumidor.


Atraso no país

O coordenador do curso de Economia do Ibmec, Márcio Salvato, ressalta que os impactos do reajuste dos combustíveis podem atrasar, ainda, a recuperação econômica do país. 


O motivo é simples. Sem demanda interna devido à crise, o Brasil tem focado nas exportações. O problema é que mais de 70% do frete brasileiro é feito via modal rodoviário. 

“Vai ficar mais caro levar os produtos até os portos, inclusive as commodities. E, consequentemente, haverá perda de competitividade do Brasil frente aos concorrentes internacionais”, antecipa o coordenador do curso de Economia do Ibmec. 

Na avaliação de Salvato, um corte brusco na Selic, que pode ser anunciado amanhã pelo Copom, deve fazer com que as perdas sejam menores. Afinal, a Selic mais baixa deixa os investimentos mais atrativos. “Do contrário, a retomada do país não será mais em 2018”, destaca. 

Sem impacto
No curto prazo os horti-frútis não sentirão os impactos do reajuste no frete, afirma o coordenador de Informações de Mercado, Ricardo Fernandes Martins. “No comércio de alimentos perecíveis é mais difícil emplacar uma alta porque a oferta está boa. Sentimos mais os efeitos do clima”, diz. Ele ressalta que em junho, os hortifrútis tiveram redução de 10,6% no preço.

Manifestações
Para evitar nova queda no faturamento dos postos, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) prepara uma manifestação. De acordo com o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) e vice-presidente do Minaspetro, Paulo Miranda, banners informando quanto o brasileiro paga de impostos estão sendo confeccionados. “Os impostos ultrapassam 50% do preço do combustível”, critica.

Paralelamente, uma mensagem anônima que circula nas redes sociais pede à população que não abasteça nos postos hoje. “É uma manifestação legítima. O problema é que prejudica o empresário e não afeta nada o governo”, comenta.

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