Atrás de empréstimo a juros menores, clientes migram de bancos para cooperativas de crédito

Heraldo Leite
hleite@hojeemdia.com.br
31/07/2017 às 17:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:50
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que o corte de 0,5 ponto é insuficiente (Rafael Neddermeyer/Fotos Publicas)

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que o corte de 0,5 ponto é insuficiente (Rafael Neddermeyer/Fotos Publicas)

]Enquanto a economia patina, o cooperativismo mineiro exibe números de dar inveja. A movimentação financeira das 768 cooperativas mineiras chegou a R$ 43,3 bilhões em 2016, crescimento de 13,3% sobre o ano anterior. Resultado impulsionado principalmente pelas cooperativas de crédito, que vêm tomando o lugar dos bancos. Prova disso é que o total de depósitos aumentou 38% no ano passado, na comparação com 2015.

Já os dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostram que, em 2016, o total de operações de crédito apresentou recuo de 3,5%. 
De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), as cooperativas cobram juros até 80% mais baixos na comparação com bancos, o que explica o bom desempenho delas.

No Sicoob, que é o sistema bancário das cooperativas, a taxa média de juros é de 2,27% ao mês. Nos bancos comerciais, conforme a Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), é de 4,58% ao mês. 

Para o presidente do Sistema Ocemg (Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais), Ronaldo Scucato, desde a crise mundial de 2008 pessoas e empresas começaram a “fugir dos bancos estimulando o crescimento das cooperativas de crédito”.
Segundo o professor de Economia do Ibmec, Felipe Leroy, cooperativas de crédito seguem o caminho oposto aos grandes conglomerados financeiros. 

“Enquanto os bancos estão enxugando o número de agências e investindo na automação, para as cooperativas de crédito quanto mais agências maior a proximidade e contato com os associados. Essa é uma das características do cooperativismo”, afirma. 
Segundo ele, o Brasil segue a tendência mundial, já que na Inglaterra, França e Alemanha 50% do sistema financeiro passa pelas cooperativas de crédito. 

“Denomino esta modalidade como crédito artesanal. As cooperativas são a força da nova economia que com menor taxas de juros levam vantagem em relação aos bancos comerciais, já que não precisam fazer o depósito compulsório junto ao Banco Central”, diz. 
Em Minas, as cooperativas de crédito estão presentes em 438 municípios (51% do total) com 723 postos de atendimento.
Os números do cooperativismo chamam anda mais a atenção quando comparados ao PIB de 2016, que apresentou queda de 3,6%. 

Agronegócio
Segundo o presidente da Ocemg, além das cooperativas de crédito, “é o agronegócio que vem segurando a balança comercial por anos a fio”.

De fato, a agricultura mineira tem muita tradição nas cooperativas – principalmente produtores de café e leite. Mais da metade da produção cafeeira do Brasil sai de plantações mineiras, enquanto o Estado lidera a produção leiteira. Quando se fala em produção de café mineiro mais da metade do grão – 55,9% - tem a participação de cooperativas.
 Editoria de Arte

Cooperativismo em números

 Emprego

Dados do Sistema Ocemg apontam que a geração de empregos no setor cresceu 5,8% em relação ao ano passado – totalizando 38.215 empregados. E até mesmo no quesito salário, trabalhadores em cooperativas ganharam, em média, R$ 2.777 no ano de 2016. Para se ter uma ideia, a média salarial em Minas, segundo o IBGE, é de R$ 1.733. 

De uma maneira geral a sociedade se beneficia com os resultados do cooperativismo. O PIB per capita do cooperativismo é de R$ 29 mil, contra R$ 26.562 calculado para Minas Gerais. 
Em todo o Brasil, o número de empregos formais chega a mais de 376 mil pessoas.

E o item Contribuições para a Sociedade - que contempla a arrecadação de tributos e investimentos realizados para a população, foram destinados R$ 1,6 bilhão, com crescimento de 32,4% em relação a 2015.
“Todos ganham com o sistema cooperativista”, afirma o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato. “Trabalhamos com o sistema de inclusão e não de exclusão”, diz. 


Segundo ele, todas as cooperativas são estimuladas a ter intensa participação nas sociedades onde estão inseridas. E é para este objetivo, de cunho social, é que foram criadas as chamadas sobras dentro do sistema cooperativista. 
São os valores para serem “revertidos no quadro social após os descontos de despesas, dispêndios, tributos e provisões das operações de cooperativa”. 

Papa

Um dos grandes entusiastas do sistema cooperativista é o Papa Francisco. É de sua santidade um dos conceitos para definir o alcance das cooperativas. “As cooperativas são inovadoras e criativas e promovem uma matemática em que 1+1 é igual a 3”. 

Francisco também alinhou cinco itens para a atividade das cooperativas: “ser o motor de desenvolvimento das comunidades locais; atuarem como protagonistas de novas soluções de bem-estar, sobretudo na área da saúde; a economia e sua relação com a justiça social; harmonizar o trabalho com a vida familiar; e investir bem nas soluções encontradas colocando em comum os meios, pagando justos salários.” 

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