Auditoria da Usiminas coloca em dúvida o futuro da siderúrgica

Bruno Porto - Hoje em Dia
19/02/2016 às 11:42.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:29
 (Arquivo Hoje em Dia)

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A KPMG, empresa responsável por auditar o balanço financeiro da Usiminas, colocou em dúvida a continuidade das operações da empresa e a viabilidade de a companhia executar seu plano de reestruturação, que inclui aumento de capital, rolagem de dívida, acesso a caixa de empresas controladas e venda de ativos. Para a multinacional do setor de auditoria e consultoria, existe “dúvida significativa” sobre o futuro da fabricante de aços instalada em Ipatinga, no Vale do Aço.

A declaração da KPMG veio no balanço do ano de 2015, publicado nessa quinta-feira (18). A auditoria mencionou excesso de passivos sobre os ativos para concluir que “essas condições, bem como o risco de não concretização do plano descrito indica a existência de incerteza material que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da Companhia”.

A Usiminas publicou seu balanço financeiro de 2015 na quinta-feira (18) e revelou prejuízo de R$ 3,6 bilhões – o pior resultado da história da companhia, que este ano completa 60 anos. Na unidade do Vale do Aço a siderúrgica emprega 6,5 mil pessoas.

Conforme o Hoje em Dia mostrou na edição desta sexta-feira (19), a dívida da Usiminas que vence este ano é seis vezes maior que a disponibilidade de caixa da siderúrgica mineira. As possibilidades de captação de recursos no mercado, com ofertas públicas de ações, por exemplo, são travadas por uma crise interna entre seus dois maiores acionistas – os japoneses da Nippon Steel, e o grupo argentino de capital italiano, Ternium/Techint. Qualquer decisão estratégica precisa de consenso no Conselho de Administração da empresa.

Enquanto os sócios não chegam a um acordo, a Usiminas apura uma acelerada deterioração de seus indicadores. A geração de caixa, por exemplo, foi negativa nos últimos dois trimestres, e a dívida líquida cresceu 52% de 2014 para 2015.

A dívida com vencimento em 2016 soma R$ 1,920 bilhão e a empresa possui disponível em caixa apenas R$ 319,5 milhões. Embora o balanço financeiro publicado nessa quinta (18) contabilize um caixa de R$ 2,024 bilhões, este valor se refere à disponibilidade do consolidado do grupo Usiminas, ou seja, ao somatório dos caixas das empresas controladas pela siderúrgica. E o acesso ao dinheiro do caixa de controladas depende de negociações com os outros sócios dessas empresas, sem garantia de acordo.

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