Banidos da rede: Whatsapp exclui cerca de 500 farmácias de manipulação, sendo 40 em Minas

Paulo Henrique Lobato
25/10/2019 às 20:51.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:24
 (MAURICIO VIEIRA)

(MAURICIO VIEIRA)

Pelo menos 40 farmácias de manipulação em Belo Horizonte e cerca de 500 no Brasil foram surpreendidas pelo WhatsApp com o bloqueio e até o banimento do aplicativo. O veto ao uso do serviço afeta o atendimento aos clientes e, consequentemente, reduz vendas. Em alguns casos, empresários estimam perdas em torno de 80%.

Diante da surpresa, a Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) ajuizou ação na Justiça cobrando do WhatsApp explicações e defendendo o retorno imediato do serviço.

“As farmácias realizam trabalho fundamental para a saúde da população, dentro das normas da Anvisa e das demais autoridades, que reconhecem a importância do atendimento remoto no acesso dos pacientes a esse serviço. Com os bloqueios, inúmeros pacientes estão tendo dificuldades para pedir orçamentos e verificar a disponibilidade nas farmácias”, disse Marco Fiaschetti, diretor-executivo da Anfarmag.

Segundo a entidade, o Facebook, proprietário do aplicativo, não informou aos donos das farmácias o motivo do bloqueio ou banimento. A Anfarmag classificou a decisão do aplicativo como arbitrária.

“O WhatsApp pertence ao megagrupo Facebook, que detém os mais populares programas de comunicação mundiais. Por agirem de forma tão irresponsável, devemos levantar uma reflexão: até que ponto esse monopólio impacta negativamente os cidadãos. Apenas no nosso caso, são milhares de consumidores que não estão conseguindo ter o mesmo acesso de antes às farmácias de manipulação, que preparam medicamentos e produtos farmacêuticos personalizados para a saúde e, muitas vezes, de urgência”, cobrou o diretor da associação.

Alternativas
Empresas afetadas ainda podem negociar produtos por outras plataformas digitais, como e-mail e Telegram. O problema, destaca a empresária Janete Grippa, diretora regional da associação em Minas Gerais, é que a maioria dos usuários das redes sociais têm o WhatsApp como plataforma principal para este tipo de comunicação. “Você pode fazer um pedido por e-mail, mas não é a mesma coisa”, disse a empresária. 

A entidade não soube informar quando a ação, com pedido de liminar, será julgada. Além do desbloqueio, empresários querem reparo às perdas acumuladas com a queda nas vendas.

Hoje em Dia não conseguiu contato com o WhatsApp e o Facebook.

 Norma da Anvisa contradiz justificativas do aplicativo

Um dos motivos que levam ao bloqueio do WhatsApp, segundo mensagens do aplicativo aos usuários, é infringir a regra que proíbe “enviar ou solicitar informações de saúde se as leis aplicáveis limitarem a distribuição de tais informações a sistemas que não cumprem os requisitos necessários para processar essas informações de saúde”.

No Brasil, entretanto, norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o uso do aplicativo para este fim.

A empresária Janete Grippa, diretora da Anfarmag em Minas Gerais, lamenta o bloqueio: “O consumidor está ficando sem retorno porque a manipulação é complexa e a comunicação via ‘zap’ facilita muito. Agora, a pessoa terá de ir à farmácia. Há casos de farmácia em que o bloqueio ocorreu no meio do atendimento (do funcionário ao cliente). É a falta de comunicação”.

Segundo ela, o número de farmácias bloqueadas vem crescendo. Em menos de uma semana, passou de 30 para 40 empresas em BH.

 ALÉM DISSO

Tatuadores em todo o Brasil também reclamam de terem sido banidos do WhatsApp sem qualquer aviso prévio ou oportunidade de defesa. As contas teriam sido suspensas por supostas violações aos termos de serviço, porém sem informar qual seria o problema. As exclusões já motivaram ações judiciais no Rio Grande do Sul e em São Paulo.
Nos termos de uso, a plataforma explica que os bloqueios podem acontecer se houver violação ou incentivo para que terceiros violem suas diretrizes e políticas, se a conta receber feedbacks negativos em excesso ou se causar danos ao WhatsApp ou aos usuários. Mensagens em massa não autorizadas – os populares spans – também podem resultar em banimento de contas. Além de recorrer à Justiça, usuários que se sentiram lesados têm utilizado o site Reclame Aqui.

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