Bassetti, o italiano que é a voz da Ternium no Brasil

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
07/07/2017 às 19:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:26
 (Fernanda Carvalho)

(Fernanda Carvalho)

Italianíssimo de Milão, o presidente do grupo Ternium/Techint no Brasil, Paolo Bassetti, chegou ao país tupiniquim em 2009 e acompanhou, de perto, a entrada do conglomerado na Usiminas. Casado e com filhos, que atualmente moram nos Estados Unidos, depois de passar uma longa temporada no Brasil, o executivo, bem-humorado, é a voz da companhia ítalo-argentina na tentativa de solucionar os conflitos com a japonesa Nippon. As duas detém o controle siderúrgica mineira e não se entendem.

Paolo é dono de um currículo invejável. Estudou Economia em Londres (Inglaterra), História em Bolonha (Itália) e frequentou o Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das mais renomadas escolas de tecnologia do mundo.
 
Com português fluente, mas sem perder de vista o sotaque italiano, ele defende que a briga entre Ternium e Nippon não pode se sobrepor às necessidades da siderúrgica. “Precisamos deixar o presidente da companhia, Sérgio Leite, trabalhar em paz. O desgaste entre os sócios tem que ficar fora da empresa”, diz.

O conflito explodiu em 2014, quando o então presidente Julian Eguren, indicado pela Ternium, foi afastado por divergência nos números da Usiminas. Para que a empresa não ficasse acéfala, os minoritários apoiaram a Nippon Steel para que Rômel substituísse Eguren. Não houve consenso, contrariando o acordo de acionistas da Usiminas.

Rômel cumpriu o prazo de mandato de Eguren e logo foi substituído. Em 25 de maio de 2016, Sérgio Leite, com aval dos ítalo-argentinos, assumiu o comando da siderúrgica em decisão do conselho. Leite ficou quatro meses à frente da empresa e foi ceifado.

Rômel, indicado pela Nippon, entrou em cena novamente e foi destituído por assinar, sozinho e sem comunicar ao conselho, um memorando de entendimentos com a japonesa Sumitomo. Em março, nova troca: Leite assumiu.

De acordo com o Bassetti, o imbróglio é reflexo de uma mudança nos planos da Nippon. “Nossa intenção no passado era construir uma siderúrgica no Brasil. Como a gestão da Usiminas era deficitária, a Nippon nos convidou para comprar a parte da Camargo Corrêa na empresa, que estava à venda. O combinado era que a Ternium assumiria a gestão. Agora, os japoneses mudaram de ideia e judicializaram o processo”, critica o executivo.

A divergência na gestão é baseada na estratégia defendida por cada grupo. Com perfil arrojado, a Ternium quer maior pagamento de dividendos aos acionistas e redução de investimentos em assistência técnica japonesa. “Não precisamos que os japoneses dêem assistência técnica no maquinário. Os brasileiros podem fazer isso. Fica mais barato e há transferência de tecnologia”, diz Bassetti. A Nippon, em contrapartida, acredita que a manutenção dos equipamentos deve ser realizada com precisão oriental.

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