'Branquinha' para consumidor exigente; alambiques investem cada vez mais em tecnologia e qualidade

Tatiana Moraes
06/06/2019 às 20:50.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:00
 ( MAURÍCIO VIEIRA)

( MAURÍCIO VIEIRA)

Com o título de Capital Nacional da Cachaça, conforme a Lei 13.773, de autoria da ex-deputada e assessora especial do Ministério da Agricultura, Raquel Muniz (PSD), Salinas, no Norte de Minas, concentra grandes e premiados produtores da bebida, cuja qualidade está cada vez mais apurada. Agora, os produtores trabalham para tirar o estigma que a “branquinha” carrega.

“No passado, a cachaça não era vista com bons olhos. Hoje, os alambiques investem pesado em pesquisa e desenvolvimento. Queremos que a cachaça seja tão valorizada quanto outros produtos, como vodca e uísque”, afirmou o diretor-executivo da Seleta, Gilberto Luiz de Lima Soares, durante a 29ª Expocachaça. O evento vai até domingo, no Expominas.

Com produção de 2 milhões de litros em Salinas, a empresa aprimora os produtos constantemente, conforme o executivo. “Você consegue perceber a melhoria de um lote para o outro. Até o adubo utilizado na cana é pensado para melhorar a qualidade da bebida”, diz. 

As pesquisas também ajudam no lançamento de novos rótulos. De olho nos drinks, no mês que vem chegará ao mercado uma cachaça prata. Sem o gosto amadeirado dos barris, ela combina com frutas e outras bebidas, segundo Soares. E no fim do ano, será lançada uma cachaça mais leve e adocicada, voltada ao público feminino. 

“Estamos ampliando o alcance da nossa marca, sempre pensando no fortalecimento da região. Geramos 180 empregos diretos durante a safra, compramos insumos de pessoas da nossa cidade e valorizamos a nossa localidade”, afirma. Hoje, o alambique possui 6 milhões de litros da bebida em estoque para ser trabalhado.

História 

Considerada a melhor cachaça do Brasil, a premiadíssima Havana, também de Salinas, foi a primeira a atingir as classes mais abastadas. “Meu pai comprou a empresa na década de 1940. Ele queria mudar o fato de que a cachaça não era aceita por parte da sociedade e se dedicou ao máximo para melhorar a produção. Conseguiu”, comemora o diretor-administrativo da marca, Geraldo Mendes Santiago. No mercado, uma garrafa da edição especial da bebida pode chegar a R$ 1,8 mil. 

Na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Cachaça Artesanal de Salinas (Apacs), Edilson Viana, a profissionalização da produção tem crescido a passos largos. “Com a tecnologia, a cachaça deixou de ser fabricada a partir de um processo rudimentar. Hoje, as cachaças de Salinas são muito elaboradas e os consumidores estão cada vez mais exigentes”, afirma Viana, que também é professor do curso de Tecnologia em Produção de Cachaça, do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e produtor em Salinas. Hoje, ele fabrica 10 mil litros por ano da Premissa. 

Turismo

Para a ex-deputada federal Raquel Muniz, transformar Salinas na capital nacional da cachaça foi a mola propulsora que a região precisava para atrair mais turistas e melhorar a renda da população.Durante a realização do Festival da Cachaça de Salinas, por exemplo, de 12 a 14 de julho, a expectativa é a de receber 50 mil pessoas. O número é quase o mesmo da Expocachaça, a maior feira de cachaça do Brasil, que espera 60 mil visitantes.

“Minas Gerais é campeã em produção de cachaça artesanal e a bebida é de extrema importância para a nossa economia. Valorizar a cachaça é valorizar o Estado”, pondera Raquel.

E o sucesso da cachaça no Estado ultrapassa fronteiras. Neto do ambientalista Hugo Werneck, Eli Werneck produz 10 mil litros de cachaça em Rio das Flores (RJ), na divisa com Minas Gerais.

São cinco tipos da bebida, que leva o sobrenome do produtor no rótulo, todos de alto valor agregado. A novidade é uma cachaça premium, de edição limitada, chamada Safira Régia. “Ela vem em um estojo, que acompanha taças especiais para degustação”, explica Werneck.

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