(José Cruz/Arquivo Senado)
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) disse nesta quinta-feira (13) em entrevista à Rádio Senado que o país “aprendeu muito pouco” a partir do acidente com césio 137 ocorrido há 25 anos em Goiânia. Desastres semelhantes ainda podem acontecer em qualquer lugar do Brasil, já que a fiscalização de institutos de radiologia continua ineficaz.
Em maio deste ano, a presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a Lei 12.646/2012, que instituiu o 13 de setembro como o Dia Nacional de Luta dos Acidentados por Fontes Radioativas. Há exatos 25 anos, em 13 de setembro de 1987, o Brasil foi surpreendido pelo maior acidente com materiais radioativos da história do país, que ficou conhecido como o acidente do Césio-137 e motivou a criação da data.
Na capital do estado de Goiás, um dono de ferro-velho abriu a marretadas uma cápsula encontrada numa clínica abandonada, no centro da cidade. Da cápsula saiu um pó com brilho azulado, distribuído a vários curiosos que foram ao ferro-velho. O pó era Césio-137, um elemento que emite radiação e que é usado em radioterapia. O acidente é considerado o maior do mundo ocorrido fora de usinas nucleares. Centenas de pessoas tiveram contato com o material, pelo menos quatro delas faleceram e outras dezenas tiveram sérios problemas de saúde com o passar do tempo.
Hoje Goiás mantém o Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), mas a Associação das Vítimas do Césio-137 (AVCésio) ainda luta pelos direitos dos atingidos pela radiação, como medicamentos, pensões e tratamentos médicos.
Para a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), o acidente teve como responsáveis não apenas a clínica radiológica que descartou em local impróprio equipamento contendo material radioativo, mas também o Estado brasileiro. Ela afirma que os governos federal e estadual falharam na fiscalização e gerência da atividade desenvolvida pela clínica.
A senadora lembra que o Dia Nacional de Luta dos Acidentados por Fontes Radioativas serve para que não sejam esquecidos os direitos das vítimas desses tipos de acidentes e para conscientizar a população, diminuindo as chances de novas tragédias ocorrerem.
Em maio de 2008, os senadores aprovaram o PLC 27/2004 (PL 816/2003 na Câmara) que estende a todos os servidores públicos, civis e militares vitimados a aposentadoria especial concedida às vítimas do acidente nuclear. O projeto beneficia os cerca de cem policiais militares, do Corpo de Bombeiros e das Forças Armadas que foram os primeiros a ter atuação direta, e sem nenhum tipo de proteção, no local do acidente nuclear. Entretanto, a proposta ainda tramita na Câmara dos Deputados.