Acusação tenta ligar lesão em pé de Rugai com invasão à casa do pai

Felipe Spuza - Folhapress
18/02/2013 às 21:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:07
 (ADRIANO LIMA)

(ADRIANO LIMA)

SÃO PAULO - A segunda testemunha de acusação no julgamento de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta em março de 2004, foi ouvida na tarde desta segunda-feira (18). Defesa e acusação debateram sobre ferimentos no pé do jovem, que pode estar relacionado a invasão a casa de Luis Carlos Rugai na noite do crime.

Segundo a depor, Daniel Romero Munhoz, médico da Universidade de São Paulo (USP), confirmou que um exame de ressonância magnética identificou lesões na sola do pé direito do réu após o crime. Ele disse ainda que essa contusão pode ser detectada em até 60 dias.

A Promotoria tentou provar que a fratura foi feita quando Gil Rugai deu um chute para arrombar uma das portas da casa onde os pai e a madrasta, Alessandra Troitino, 33, estavam no dia do crime.

Já a defesa de Gil Rugai quis comprovar que essa lesão é compatível com qualquer outro tipo de acidente e que o acusado nunca foi chamado para participar de uma comparação da lesão em seu pé com uma marca encontrada na porta arrombada.

Os advogados de defesa também perguntaram ao professor da USP se há na literatura médica alguma especificação sobre lesões feitas em pés devido a arrombamentos de porta. Ele respondeu que é impossível ter certeza de que essas fraturas foram causadas por um chute e disse que, teoricamente, todas as hipóteses são viáveis e que qualquer impacto pode ter causado o ferimento.

A lesão foi detectada nos ossos na parte inferior do pé, entre o meio do pé e o calcanhar. A segunda testemunha afirmou no plenário que, na época em que foi feito o exame, o réu negou sentir dores ou lembrar de alguma lesão.

Vigilante

A primeira testemunha de acusação do julgamento de Gil Rugai, que acontece no Fórum da Barra Funda, em São Paulo, começou a ser ouvida por volta das 13h20 desta segunda-feira. O então vigilante de rua Domingos Ramos Oliveira de Andrade confirmou um dos depoimentos dado à Polícia Civil, que afirmara ter visto o ex-seminarista saindo da casa onde o crime ocorreu junto com outra pessoa, que ele não conseguiu identificar.

No plenário, o vigia disse que não estava na guarita no momento, mas que, de onde estava, podia reconhecer Rugai, que atravessou a rua e se aproximou dele.

O vigilante foi inserido no programa ao receber ameaças após seu segundo depoimento, quando disse reconheceu Rugai na noite do crime, segundo a Promotoria.

Durante o julgamento, o advogado da defesa Thiago Anastácio tentou apontar as fragilidades dos depoimentos dados por Domingos à polícia e no plenário. O vigia é considerado testemunha chave da acusação.

Segundo o defensor, entre o primeiro e o terceiro depoimento dado à polícia, Domingos alterou informações consideradas importantes para o esclarecimento do crime, como a distância de onde estava da casa da vítima. Outro ponto destacado foi o fato de em seu primeiro depoimento, ele não ter identificado Gil Rugai como uma das pessoas que saíra da casa de Luis Carlos Rugai.

Domingos afirmou pela primeira vez à polícia que estava dentro da guarita de vigilância no momento que viu duas pessoas saindo da residência, a cerca de 80 metros da casa da vítima. No entanto, em outro depoimento e hoje, no plenário, o vigia disse que estava fora da guarita, numa distância, apontada pela defesa, de 30 metros da casa.

Para a defensoria, os relatos destoantes tiram a legitimidade dos laudos da perícia, que se basearam na primeira informação.

Em mais uma tentativa de fazer com que os jurados questionassem a capacidade de análise da testemunha, o advogado perguntou a Domingos se ele próprio, o advogado, estava usando cinto ou suspensório, o que não foi respondido.

Anastácio, então, perguntou se o suspeito caminhava com a mão no bolso, de modo que o vigia pudesse ver que ele vestia realmente um suspensório.

O advogado tentava, mais uma vez, desqualificar o depoimento do vigia, que afirmara que Rugai usava suspensório e sobretudo ao sair da casa do pai, no dia do crime, mas não confirmou se o suspeito andava com a mão no bolso.

Domingos também foi questionado durante depoimento sobre uma segunda pessoa que teria acompanhado o réu no dia do crime.
Segundo a defesa, ele não sabia se a pessoa era um homem ou mulher, de acordo com o primeiro depoimento à polícia. Agora, porém, ele afirma ser um homem, deixando claro que viu dois homens momentos após o crime.
 

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