Brasil só atingirá meta para a mortalidade infantil em 2030

Pedro Soares - Folhapress
29/08/2013 às 18:01.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:27

SÃO PAULO - Apesar da rápida queda na taxa de mortalidade infantil na última década, o Brasil só alcançará um nível considerado aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2030. A entidade recomenda um índice abaixo de 10 mortes para cada mil nascimentos. Segundo projeção do IBGE, o país só deve alcançar 9 óbitos para mil crianças nascidas vivas em 2030.
Em 2010 o índice brasileiro foi de 17,2 por mil crianças, uma forte queda em relação as 29 mortes por mil registradas em 2000. A previsão para 2020, baseada no ritmo atual de redução da mortalidade, é de 11,6 mil. A projeção do IBGE mostra que deve acontecer algo semelhante com a expectativa de vida. Só em 2030 o Brasil (projeção de 81,2 anos para ambos os sexos) atingirá níveis já alcançados por países europeus como Itália (82,1 anos) e Espanha (81,6 anos). Em 2013, a esperança de vida foi estimada em 74,8 anos no Brasil.  Para a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, o país "evoluiu muito" nos últimos anos principalmente na mortalidade infantil, mas ainda persistem desigualdades.

Segundo ela, apesar da tendência de diminuição nas diferenças regionais, as áreas menos desenvolvidas ainda carecem de serviços e assistência em saúde. "São realidades muito diferentes no país. Em alguns estados, temos taxas de países desenvolvidos."
Estado com a maior expectativa de vida hoje, Santa Catarina deve manter essa posição no futuro, com 80,2 anos em 2020, e 82,3 anos em 2030. No outro extremo, o Maranhão terá a menor expectativa de vida em 2020, de 71,7 anos. Já em 2030, essa posição deve ser ocupada pelo Piauí, com 73,4 anos.

Para Bivar, o envelhecimento da população não é "um problema". "As pessoas estão vivendo mais e isso é uma boa notícia."  Para ela, isso ilustra uma mudança demográfica "muito rápida", que demanda atenção de governo e sociedade.
 "Vamos precisar pensar não apenas numa eventual reforma da Previdência [diante da expectativa da envelhecimento da população], mas em ampliar os serviços e os cuidados à população idosa. Ao passo, que serão menos necessários os serviços para as crianças. Nos anos 70, quando a fecundidade era de seis filhos por mulher, a preocupação era de quem ia cuidar das crianças e de fazer escolas para elas."
 
Apesar da rápida transição demográfica, o Brasil terá até por volta de 2040 uma população em idade ativa (de 15 a 65 anos) maior do que a de crianças e idosos, segundo Bivar.   O país, disse ela, deve aproveitar esse período para investir em formação e treinamento da força de trabalho jovem para aumentara produtividade e aproveitar esse chamado "bônus demográfico" - quando existem mais pessoas em idade produtiva do que dependentes.
 Diante do previsto declínio da população a partir de 2043, Bivar acredita que o Brasil deve discutir a necessidade de estimular a imigração. Segundo ela, o país precisa mudar a legislação do tema, que atualmente é "muito fechada", para conseguir atrair estrangeiros, como fizeram países europeus, o Japão e o Canadá.

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