PORTO VELHO - Marlisson dos Santos, de 12 anos, tomava banho no sítio da família em um balneário a 30 km do centro de Porto Velho, capital de Rondônia, quando sentiu uma agulhada no pé direito. "Eu não vi nada, só senti. Comecei a passar mal, fiquei roxo, vomitei. E a dor e o inchaço no pé só aumentavam", conta o garoto, deitado com o pé levantado. Ele foi atacado por uma jararaca e socorrido às pressas em um hospital infantil da capital, onde ficou internado por dias. O caso dele não é único. Ataques de cobras devido à cheia do rio Madeira já se multiplicam na cidade. Segundo o Centro de Medicina Tropical de Rondônia, que concentra a maior parte dos casos, 50 ataques de cobras foram registrados nos três primeiros meses do ano passado. Em 2014, até o dia 18 de março o hospital já contabilizava 61 ataques. As autoridades também se preocupam com a presença de outros animais, como escorpiões, aranhas, jacarés e até poraquês, o temido peixe-elétrico. Todos carregados pelas águas do rio. "As crianças são quem mais nos preocupam, justamente por brincarem na água. A cheia aumenta a incidência de cobras, jacarés, arraias, ariranhas e de peixe-elétrico nas áreas alagadas", diz o secretário de Saúde da capital, Domingos de Araújo. Raquel Lindalva, de 31 anos, mãe do menino atacado por uma jararaca, conta que as pessoas não são as únicas vítimas: galinhas têm sido devoradas por jacarés no sítio. "O sítio está cheio d'água, as galinhas estão sumindo. A água traz muitos bichos, principalmente cobra", diz.