Com pagamento atrasado, bolsistas relatam problemas na Austrália

Giuliana Miranda - Folhapress
02/03/2014 às 16:27.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:23

SÃO PAULO - Mais um grupo de bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras - que envia alunos para o exterior - está com o pagamento atrasado. Dessa vez os afetados são alguns dos estudantes da graduação sanduíche na Austrália. Eles estão prestes a completar um mês sem receber.

Muitos já relatam estar com problemas para pagar o aluguel, as contas e até mesmo a alimentação. Os mais afetados parecem ser os bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na Universidade Monash, em Melbourne, que chegaram em agosto do ano passado.  A instituição já está oferecendo aos alunos um empréstimo de AU$ 750 em caráter emergencial.

Antes de começarem efetivamente o intercâmbio acadêmico de um ano, eles estão fazendo um curso de aperfeiçoamento de inglês, que se encerrou na primeira semana de fevereiro. A vigência da primeira parte da bolsa do grupo, no entanto, acabou no dia 31 de janeiro.

Eles afirmam que ainda não houve a renovação, e o pagamento referente a fevereiro nunca foi depositado.

Os bolsistas relatam que a situação para alguns já está preocupante, especialmente para aqueles cujos pais não têm condições de enviar dinheiro para ajudá-los. "O aluguel referente ao mês de março está pra vencer, e a gente já não sabe mais o que podemos fazer", diz um estudante que pediu para não ser identificado.

"Os atrasos nos deixam em situação de insegurança por estarmos em outro país longe de casa e sem saber quando iremos receber... Consequentemente temos dificuldades de concentração nos estudos. Nos corredores [da universidade] só esse assunto é falado. Outra coisa triste é que o transporte na Austrália e muito caro e já existem alunos com problemas para pagar", enumera o estudante.

O grupo contatado pela reportagem diz estar sendo ignorado pelo CNPq, que não dá uma posição sobre o restabelecimento da verba. Procurado pela reportagem na quinta-feira da semana passada, o CNPq ainda não respondeu sobre as razões do atraso. Na ausência de informações oficiais, os alunos se mobilizam como podem. Criaram um grupo ativo em uma rede social e estão em contato direto com a universidade.

Problemas se acumulam

Nos últimos meses, o Ciência sem Fronteiras, principal programa educacional do governo brasileiro, tem acumulados problemas. A reportagem teve acesso à ata da 10ª reunião do comitê executivo do programa, onde está explícito que alguns pontos críticos não têm entendimento nem mesmo entre os próprios representantes do CNPq e da Coordenação de Aperfeiçoamento Acadêmico do Ensino Superior (Capes).

Na reunião, além de se cogitar manter no exterior bolsistas que não cumprissem os requisitos mínimos de fluência em inglês para evitar um eventual desgaste político, também foi aventada a possibilidade de reduzir metas de atração de pesquisadores do exterior devido à baixa procura.

Entre os bolsistas, as duas últimas semanas foram de problemas na Europa e antes mesmo de sair do Brasil. Enquanto na Irlanda um grupo estava com o pagamento das verbas de alimentação atrasado, por aqui, alunos a duas semanas do embarque ainda não haviam recebido o dinheiro da passagem e da estadia.

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