Uma explosão ocorrida por volta do meio-dia desta quarta-feira (11) no navio-plataforma Cidade de São Mateus em Aracruz, no Espírito Santo, deixou pelo menos três mortos, 10 feridos e outros desaparecidos. O navio-plataforma Cidade de São Mateus é usado para processamento de gás e tem capacidade para até 10 milhões de metros cúbicos diários. A Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo informou, em nota, que 10 vítimas da explosão na plataforma da Petrobras chegaram a Vitória nesta quarta-feira (11): duas com queimaduras graves e oito vítimas de trauma. Duas ambulâncias do Samu 192 e quatro "motolâncias" prestaram atendimento aos pacientes, que foram encaminhados para o Vitória Apart Hospital e Hospital Metropolitano, ambos em Serra, na região metropolitana de Vitória. O comunicado não menciona se houve mortos no acidente. Segundo a Infraero, um plano de contingência foi acionado no Aeroporto de Vitória para atender aos trabalhadores que estavam na plataforma na hora da explosão. Uma área foi reservada para pousos e decolagens de helicópteros que fazem o socorro às vítimas, e o trânsito de ambulâncias na região foi facilitado. O órgão informou ainda que os pousos e decolagens no terminal ocorrem normalmente. O QUE DIZ A PETROBRAS A Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que lamenta a explosão a bordo do navio-plataforma Cidade de São Mateus operado pela empresa BW Offshore e afretado pela Petrobras. Em nota, a estatal informou que 74 trabalhadores estavam embarcados na hora do acidente, por volta das 12h50 desta quarta-feira. A unidade opera, desde junho de 2009, no pós-sal dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, no litoral do Espírito Santo, a cerca de 120 km da costa. A BW explicou que está prestando toda a assistência aos seus funcionários e familiares, com apoio da Petrobras. O acidente foi controlado a partir do imediato acionamento do Plano de Emergência com a mobilização de todos os recursos necessários. A Petrobras notificou oficialmente a Marinha e a Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustiveis (ANP). As operações da plataforma foram interrompidas. A produção da unidade era de cerca de 2,2 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural.
A concessão de Camarupim é operada pela Petrobras (100%) e a de Camarupim Norte é uma parceria entre a estatal (65%) e a empresa Ouro Preto Energia (35%). O acidente ocorre poucos dias após a mudança na gestão de Petrobras. Seu novo presidente, Aldemir Bendine, disse que assumiu a estatal com "carta branca" e prometeu transparência. INVESTIGAÇÃO A Capitania dos Portos do Espírito Santos (CPES) vai abrir um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas e responsabilidades na explosão ocorrida no início da tarde desta quarta-feira, 11, na FPSO Cidade de São Mateus, navio-plataforma operado pela Petrobras no litoral de Aracruz, no Espírito Santo. Até o momento, três pessoas morreram, dez ficaram feridas e seis estão desaparecidas. O prazo para a conclusão das investigações é de 90 dias. Segundo a CPES, a abertura de inquérito é um procedimento padrão em casos de acidentes marítimos. Em nota, o órgão informa ainda que a Marinha do Brasil deslocou um navio e duas aeronaves para a área do acidente, "com a prioridade inicial de realizar a evacuação de pessoal e remover as vítimas para os hospitais da Grande Vitória". ANP A ANP (Agência Nacional do Petróleo), órgão regulador do setor e controla o número de acidentes e ocorrências fora do padrão operacional de unidades de produção de petróleo, também informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que desconhecia o acidente e o número de vítimas. A BW Offshore, empresa de origem norueguesa dona da plataforma que opera no campo de Camarupim (na bacia do Espírito Santo, a terceira mais produtiva do país), informou que não iria comentar o acidente. HISTÓRICO O último acidente com grande número de vítimas da Petrobras ocorreu em 2001. Na ocasião, a maior de produção de petróleo em alto-mar à sua época, que custou à estatal brasileira US$ 350 milhões e começou a ser operada pela Petrobras em 2000 no campo do Roncador, na Bacia de Campos, sofreu duas explosões em 15 de março de 2001. Na hora do acidente, havia 175 pessoas a bordo -11 delas morreram no acidente. Primeiro, a plataforma adernou, pois uma das colunas de sustentação ficou comprometida. Poucos dias depois e inúmeras tentativas de salvar a plataforma e resgatar corpos que permaneciam no local, a unidade de produção afundou com o alagamento de parte sua estrutura. Em janeiro, uma explosão na Refinaria Landulpho Alves, da Petrobras, deixou três pessoas feridas, sendo uma em estado grave. De acordo com a entidade, o acidente ocorreu durante a realização de um serviço em espaço confinado no vaso da unidade de geração de hidrogênio da refinaria. Segundo o Sindipetro, dois feridos pertenciam à empresa terceirizada Victória. Houve também um incidente anterior, no mesmo mês, que não deixou feridos. Localizada no Recôncavo Baiano, a refinaria tem capacidade de processamento de 323 mil barris diários. Seus principais produtos são diesel, gasolina e querosene de aviação, entre outros. Procurada, a Petrobras ainda não retornou o contato. Não se sabe se o incidente afetou a produção da refinaria. Em nota, à época, a Petrobras disse que os feridos "foram prontamente atendidos pela equipe médica da refinaria, encaminhados ao hospital, e a companhia está prestando a assistência necessária".